sábado, 22 de junho de 2013

RIACHÃO/PB

Sempre acreditei que Manoel Franco de Oliveira (mais conhecido como Mané Franco), que vem a ser meu tetravô e também meu trisavô, havia morado por algum tempo em Araruna/PB.
Recentemente, localizei o registro de batismo de sua filha MARIA, nascida no dia 31 de outubro de 1854- batizada em janeiro de 1855. 
Para minha surpresa, o batismo foi realizado no ORATÓRIO DE RIACHÃO, o que me leva a crer que, na verdade, naquela época Manoel morava mesmo em Riachão e não em Araruna.
No decorrer de minhas pesquisas já havia descoberto que Inácio Francisco Ribeiro,  morador na “vargem de Tacima”, havia tomado MANOEL FRANCO DE OLIVEIRA e sua mulher IGNÁCIA MARIA DA CONCEIÇÃO por padrinhos do filho Antonio (nascido em  29/04/1855), o que me levou a crer que ele teria alguma ligação com Tacima, vez que o sobrenome RIBEIRO aparece em muitos registros paroquiais demonstrando que as famílias eram muito próximas.
Naquela época, tanto Tacima quanto Riachão pertenciam a Araruna, que foi desmembrada de Bananeiras em 4/07/1854, razão pela qual os livros paroquiais de Araruna começam a partir de 1854.
Note-se que Riachão e Tacima, tal qual Bananeiras, pertenceram a Freguesia de Mamanguape antes de 1835.
Assim, encontramos nos livros de Mamanguape muitas referências a Riachão, como este registro de 1826, do batismo de Apolinário, filho natural de Marcos José de Mello e Anna Joaquina, e padrinho o Comandante José Apolinário (?).
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Como desconhecia totalmente a história do lugar comecei minhas pesquisas e vi que não existem muitas informações de RIACHÃO.
Na internet, encontrei que o município só foi criado em 1997. Sua população é de 2.793 habitantes. Não achei absolutamente nada sobre a história de sua fundação.
Então, resolvi pesquisar nos livros paroquiais, jornais e documentos do início do século XIX e constatei que Riachão já era conhecida desde 1820, com uma população razoável considerando a época.
Quase 200 anos de história que ainda não foi resgatada. Uma lástima.
Na verdade, Riachão, por ter uma posição demográfica privilegiada, se desenvolveu muito com seus primeiros moradores que tanto eram criadores de gado como produziam agricultura de subsistência.
Uma antiga estrada carroçável, de cerca de 6 Km, ligava Riachão a Tacima. Outra, de cerca de 12 Km à Araruna .
De Araruna até Tacima, havia a "estrada geral de Tacima", citada no documento de criação da freguesia de Araruna de 1854.
Aliás, no mesmo documento, consta a fazenda SALGADINHO, de propriedade na época de MANOEL RIBEIRO, que reunia muitas famílias.
Atualmente, Riachão tem alguns agrupamentos rurais tais como CARNAÚBA, MASSAPÉ e SALGADINHO, sendo que este último, pelo nome,  parece tratar-se da antiga fazenda.
O certo é que o desenvolvimento do local foi intenso, entre 1820 a 1856, como comprovam os registros paroquiais. 
Casas, feira e até um oratório já existiam em 1850. 
O oratório se transformou em capela onde foram batizadas muitas crianças. 
RIAXÃO, com a grafia da época, tal qual aparece no registro de batismo de MARIA, filha de Manoel Franco de Oliveira e Ignácia Maria da Conceição, nascida em 31/10/1854 batizada em 31 de janeiro de 1855. Foram padrinhos Francisco Franco de Oliveira e Francelina Maria da Conceição, conforme abaixo.
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Tal registro é muito importante, não só pela localização exata de onde vivia MANOEL, como também pela existência de outros filhos, além dos 9 que consegui localizar em minhas pesquisas durante 8 anos.
Por outro lado, considerando o ano em que ISABEL FRANCISCA DE LIMA (filha de Manoel) se casou (1870) com Emígdio José de Souza Pinto a conclusão é de que ISABEL não nasceu em Santa Cruz/RN e tampouco em Araruna, mas sim em Riachão mesmo, o que vai demandar novas pesquisas.
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Interessante também notar a grande quantidade de "brancos" em Riachão. Como nestes registros
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Outro ponto importante foi ter localizado a presença de HORTÊNCIO JOSÉ DE SOUZA, que segundo a professora ZILMA FERREIRA PINTO, no livro os FERREIRA DE TACIMA (Rigrafic Editora Ltda 2000), por volta de 1850 já se encontrava estabelecido em Tacima.
Na verdade, encontrei dois registros de 1855 onde ele aparece como padrinho de batismo de crianças. E, ao que tudo parece, não estava, naquela época em Tacima, mas sim em Riachão.
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Note-se que, nos registros paroquiais, constam vários moradores de Tacima, mas que era muito menor e mais insignificante ná época do que RIACHÃO.

A capela de Tacima já existia desde 1838, como vemos neste registro de casamento de Domingos Lopes da Fonseca, viúvo de Joana Maria de Jesus, sepultada na Capela de Tacima.  O que leva a crer que HORTÊNCIO não vivia naquela época em Tacima, mas sim em Riachão.
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A decadência de Riachão, como também de Araruna e Bananeiras, foi motivada pela terrível epidemia de cólera que se abateu entre os meses de fevereiro e abril de 1856. Segundo consta, só em Araruna 607 pessoas faleceram em decorrência da doença, ou seja, quase um terço da população da freguesia.
Com medo da doença, muitos fugiram para o Rio Grande do Norte.
Acredito que esta foi a razão para que MANOEL FRANCO DE OLIVEIRA tenha retornado à Santa Cruz. Todavia, só há prova documental de sua estada lá a partir de 1863, quando do batismo de sua filha JOANA, nascida em 25/06/1863 (livro de batizados Santa Cruz - fl 83).

Outros registros paroquiais de RIACHÃO de 1855, apenas para exemplificar.
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