ÍNDIOS POTIGUARES E OS HOLANDESES
Com muita frequência, ainda
escuto de alguns que os índios potiguares se aliaram aos holandeses com muita
facilidade, vez que eram tratados pelos flamengos com muito respeito e
cordialidade..
Na verdade é necessário
retroceder um pouco na história para entender como essa “amizade” foi
construída.
Sabe-se que o interesse da
Holanda pelo Brasil era o lucrativo comércio de açúcar lastreado nos engenhos
localizados no Nordeste. Para obter o controle sobre esses engenhos era necessário
o domínio do território, e, para tanto os holandeses traçaram estratégias para
a invasão das terras portuguesas, muito antes da época em que tal fato efetivamente
ocorreu.
Cabe ressaltar que, no
Nordeste, já existiam aldeamentos administrados pelos jesuítas, com a missão da
catequese da população indígena. Assim, os índios já tinham conhecimento do
cristianismo.
Por volta de 1624, Manoel de
Morais, jesuíta que depois se tornou calvinista e se mudou para Holanda, forneceu
dados para os holandeses sobre a população indígena e ainda, recomendou que o
tratamento com os índios deveria ser mais liberal do que com a população negra
(escravos africanos).
Segundo ele, a religião
seria um elemento fundamental para a conquista do território, a exemplo do que
havia feito os jesuítas, acrescentando que a evangelização (calvinista) seria uma
aliança política com indígenas para fins militares, na luta contra os
portugueses.
Assim, em 1625, antes mesmo
do período de dominação holandesa no Nordeste Brasileiro (1630-1654), começou a
ser colocado em prática um plano, que ao final de tudo apresentou-se bem
sucedido.
Seis índios foram levados
para Holanda onde, além de aprenderem a língua, foram doutrinados e se “converteram”
ao calvinismo.
Quando os holandeses
conquistaram Pernambuco, esses índios, que passaram 5 anos na Europa, foram
mandados de volta e funcionaram como interpretes e líderes na luta contra os
portugueses.
Dentre eles estava PIETER
POTI (PEDRO POTY), um cacique potiguar que foi um grande aliado dos holandeses.
Outro foi Gaspar Paraupaba.
Para os holandeses tais índios
não eram “amigos”, mas apenas parceiros na luta contra os portugueses para a
conquista do território que possuía interesse econômico, já que a exploração do
açúcar, pela Companhia das Índias Ocidentais, era um grande negócio.
Sergio Buarque de Holanda,
em Raízes do Brasil, fala sobre as tentativas de atrair os indígenas para a fé
reformada, mas completa que os holandeses escravizavam e vendiam índios
brasileiros nas Antilhas.
Assim, faz-se necessária uma
visão crítica e isenta de “nuanças cor-de-rosa” para análise de fatos
históricos. Os indígenas foram tratados, tanto os portugueses como os
holandeses, apenas como mais um instrumento de conquista do território que se
mostrava economicamente viável.