segunda-feira, 29 de abril de 2013

HISTÓRIAS DE TRANCOSO II - O QUE É DO HOMEM BICHO NÃO COME


Extraído do Livro Genealogia Sertaneja - CAPÍTULO XI

O QUE É DO HOMEM O BICHO NÃO COME
Havia um casal, cuja mulher que era muito trabalhadora e o marido preguiçoso passava seus dias se balançando em uma rede. A mulher já não aguentandoa situação, pois trabalhava dia e noite para sustentar a casa e os filhos. Mandava o marido trabalhar, ao que ele falava: “o que é do homem, bicho não come”.
No reino onde morava, o rei tinha três escravos, os quais lhe roubaram o anel de brilhantes.
O rei não sabia quem tinha roubado o anel, mas resolveu oferecer uma recompensa muito grande, em ouro e pedras preciosas, para quem informasse quem tinha roubado seu anel.
Várias pessoas foram adivinhar quem teria sido o criminoso, mas não conseguiram identificá-lo e nem localizar o anel. Com raiva, o rei mandava matar a todos.
Até que o homem preguiçoso disse para a esposa que iria adivinhar onde estava o anel. A esposa não queria que ele fosse, pois tinha certeza que o rei iria mandar matá-lo, já que ele não sabia onde estava o anel.
Na verdade, ele não sabia mesmo, só iria dizer que sabia, e só diria o local após três dias, durante os quais o rei deveria dar-lhe tudo do bom e do melhor (a melhor comida, a melhor roupa o melhor aposento do castelo e tudo mais que pedisse).
Chegando ao castelo, começou a por em prática seu plano: passar os três melhores dias de sua existência antes da morte.
E assim ocorreu. No primeiro dia, à noite, quando um dos escravos do rei veio lhe trazer uma ceia, ele disse em voz alta: DOS TRÊS JÁ VI UM!
Em verdade, disse isso se referindo aos três dias, mas o escravo pensou que estava se referindo a ele.
No dia seguinte, depois de comer todas as melhores comidas e se divertir com todo o luxo do castelo, foi para seu quarto à noite, onde encontrou outro dos três escravos do rei que viera lhe trazer a ceia.
Como no dia anterior, disse: DOS TRÊS JÁ VI DOIS!
O escravo ficou horrorizado, saiu correndo e foi ter com seus companheiros e ficou acertado que o terceiro escravo serviria a ceia no dia seguinte.
Ao final do terceiro dia, o último escravo foi ter com ele. Os outros dois ficaram na porta do quarto.
Então o homem disse: DOS TRÊS JÁ VI TRÊS!
Os escravos apavorados se ajoelharam aos seus pés e pediram-lhe pelo amor de Deus que não contasse ao rei, entregando o anel ao homem. Como estavam muito nervosos, o anel caiu ao chão e um peru, que estava próximo, imediatamente comeu o anel.
O homem pegou o peru e foi ter com o rei dizendo que o anel estava dentro do peru.
O rei, que já tinha perdido o anel que gostava, disse que não mataria o peru de estimação para tirar o anel sem antes testar mesmo seu poder de adivinhação.
Então, pegou uma porca e colocou-a dentro de um quarto e perguntou-lhe se ele era capaz de adivinhar o que tinha dentro do quarto. O homem disse: “É agora que a porca vai torcer o rabo”. O rei, surpreso com a resposta, mas não satisfeito ainda, pegou um pote e o encheu todo de fezes, lacrou direito e colocou perfume.Mostrou o pote ao homem e perguntou se ele era capaz de adivinhar o que tinha dentro. Apavorado, ele falou: “Bem que minha mulher me dizia que minha vida iria terminar em titica”.
O rei, satisfeito, matou o peru, tirou o anel e deu ao homem muitas moedas de ouro e muitas joias, ficando ele rico.
O homem voltou para casa e entregou o dinheiro à mulher, voltou para a sua rede onde vivia falando: “O que é do homem, o bicho não come”.

domingo, 28 de abril de 2013

LIVROS DO INÍCIO SEC. XIX QUE MENCIONAM BANANEIRAS/PB

1) No livro Memórias históricas do Rio de Janeiro e das províncias annexas a jurisdição - José de Souza Azevedo Pizarro e Araújo - publicado 1822 - p. 189. Fonte: google books.
No verbete VILLA REAL DO BREJO DE AREIA temos:
"Villa creada em 18\05\1813.... a povoação e muito crescida e vai se espalhando diariamente com os estabelecimentos novos de várias fábricas, onde se distila a aguardente e se faz o mel para o fornecimento do povo e dos habitantes dos sertoens... no termo desta villa existem a povoação do BREJO DAS BANANEIRAS, que rival e opulenta disputa ser também creada em villa, tendo ali uma capella dedicada a Santa Anna; a de Garabira, com outra capela, a de Boa Vista* também com outra capela e de Santo Antonio do Molunga**, com capela dedicada ao mesmo santo"
* -Existe uma cidade perto de Campina Grande chamada Boa Vista, que teria sido fundada por TEODÓSIO DE OLIVEIRA LEDO no final do século XVII. Todavia, nas minhas pesquisas encontrei que a construção da primeira capela no local só foi iniciada em 1818, restando concluída em 1838, o que parece indicar que não se trata da mesma capela e sim de outra SANTO ANTONIO DA BOA VISTA, erigida na aldeia do mesmo nome, que já mencionei em outro tópico do blog.
** também chamada de Santo Antonio dos Molungús.

2) No livro Diccionário Geographico Histórico e descriptivo do Imperio do Brazil - Volume I - p. 173- de 1845 de J. C. R Milliet de Saint-Adolphe de 1845. Fonte: google books.
BANANEIRAS- Villa medíocre e de pouco trato da província da Paraíba, foi originalmente uma povoação do mesmo nome, a qual como se fosse engrossando, e tornando-se sucessivamente mais populosa, a assembleia provincial por lei promulgada no anno de 1835, a elevou a categoria de villa. Sua igreja de que é padroeira Santa Anna só depois desta época é que foi condecorada com o título de parochia do Brasil. Há nesta villa uma feira no sítio chamado Várzea ***
*** Creio que se trata de Tacima, antigamente chamada de VARZEA de TACIMA.

3) No livro Memórias contendo a biographia de Vice Almirante Luiz da Motta Feo e Torres, de João Carlos Feo Cardoso de Castelo Branco e Torres, de  1825, p. 129, fala da povoação de Bananeiras, como distrito de Mamanguape, já em 1805.