Para entender um pouco sobre
os antigos sesmeiros das terras de Tacima
temos que retroceder no tempo, até 7 de junho de 1703, quando da concessão
da data de sesmaria a Antônio Freire.
Sesmaria
59 (PB) 7/6/1706
Antonio
Freire, morador na Tamatanduba,
termo da capitania do Rio Grande, diz que possui uma sorte de terras no rio
curimataú, a qual com outros sócios alcançou no ano de 1674 do governador que
então governava, Ignácio Coelho da Silva, sobre o que teve le suplicante sempre
dúvidas com o capitão Affonso de Albuquerque, que vindo a capitania do rio
Grande por ordem de S. M, o Desembargador Christóvão Soares Beirão, como juiz das
datas e demarcações de terras, o fez citar perante o mesmo ministro para que
apresentasse os títulos de terras, respondeu que esses tinham os herdeiros de
João de Noralhas, e sendo também citados não acudiram a citação, por cuja causa
fazendo-se também vistoria de observação de divisa desta capitania, se achou
que a terra sobre que era a contenda nem pertencia aos citados, nem a capitania
do Rio Grande, como tudo consta na sentença que juntou em que se declara por
devoluta; pelo que pedia três léguas de terras de comprido e uma de largo entre
o rio Curimataú Merim e o rio salgado na testada dele suplicante, começando a
medir do sul para o norte, a qual já tem povoado sem contradição.”
Esse Antonio Freire seria
neto do português Antônio Freire que junto com o cunhado Manuel Rodrigues
teriam recebido, em 30/03/1602, uma sesmaria que começava ao lado da Fortaleza
dos Reis Magos e terminava no riacho Primeiro no Rio Grande (do Norte), ou seja,
de família que estava arraigada na região há mais de cem anos.
Segundo consta esse Antonio
Freire da capitania do Rio Grande do Norte exerceu a função de juiz ordinário
em 1687 e pode ser o mesmo Antonio Freire Pessoa que era registrador de gado da
capitania. Contudo, é certo que ele
deixou muitos descendentes, dentre os quais o seu neto JOÃO FREIRE CARNEIRO, que
em 05 de maio de 1760 aparece como possuidor das terras que chamavam Tacima.
Eis o texto da sesmaria 533
(PB) – 05/05/1760
“sargento-mor João Freire Carneiro, morador em Tamatanduba, distrito da capitania do
Rio Grande, diz que possuía uma sorte de terras, a que chamavam Tacima, que
houvera por compra a vários herdeiros do defunto Antônio Freire, de que estava
de posse a mais de 15, 20 e mais anos e por seus antecessores a 50 e mais anos,
havendo alcançado a seu favor sentença de força nova contra Francisco Barbosa
Camello que o quis esbulhar em parte da dita terra, e porque só tinha as
escrituras de compra queria para seu título data de terra que pegava do Rio Salgado
com um quarto de légua para o sul e daí buscando e correndo para o norte com
três léguas de comprimento até o rio Curimataú merim e por outro nome
Calabouço, e daí até os primeiros providos até se encher das três léguas de
cumprido e uma de largo, meia para cada banda, com todas as águas vertentes que
se acharem na compreensão da dita terra”.
João Freire Carneiro recebeu três concessões: uma no Trairi, em
1711 (RN 0100 ); - uma na Boca da Mata da Campina do Junco, em 1735 (RN 0411) e
uma em terras da Tacima, em 1760 (PB
0533).
Nas cartas RN 0100, RN 0411, e PB 0533 o
sesmeiro constava como morador na capitania do Rio Grande do Norte sendo que nesta última carta o sesmeiro alegou
que morava especificamente em Tamatariduba (Tamatanduba ou Timboatadiba) distrito da cidade de Natal (atualmente
localizado no município de Pedro Velho, onde até pouco tempo existia ruínas de
uma capela, construída em 1688).
Registro que na carta PB
0533 o sesmeiro alegou que possuía a ocupação de sargento-mor., já na carta RN
0411 o sesmeiro alegou ser capitão e ser neto de ANTONIO FREIRE (PB 0059) (Fonte
Plataforma SILB).
Tacima foi fazenda de gado
durante muito tempo. Lugar também de paragem para descanso do gado que era
transportado dos sertões para o litoral.
O início da povoação foi a
partir de 1800, quase um século após o início de sua exploração econômica por
ANTONIO FREIRE, o qual foi o primeiro sesmeiro..