domingo, 2 de junho de 2013

ORIGEM DOS "PARDOS"

Desde cedo, junto com a escravidão, surgiram como parte da população os libertos ou forros, cujo número cresceu contínua e rapidamente ao longo dos anos.
A liberdade era concedida com a carta de alforria, que era o instrumento legal pelo qual o dono do escravo exercia o direito de conceder a liberdade a qualquer um dos seus cativos. Uma vez liberto o escravo não poderia mais ser reduzido à condição de escravo.
Desde o início do século XVII vários senhores exerceram este direito. Em alguns casos, era o próprio escravo que comprava a sua liberdade, com o esforço da poupança obtida através da remuneração que conseguia com o  trabalho.
Outras vezes,por terceira pessoa – criatura generosa – que apreciasse as qualidades e méritos do escravo.
Algumas vezes era o próprio senhor quem espontaneamente e, sem compensação pecuniária, alforriava o escravo em reconhecimento pela dedicação dos serviços por ele prestados.
Muito comum era o senhor dar liberdade, logo após o nascimento, para a “cria” de escravas suas.
Não é preciso lembrar que a criança libertada era muitas vezes filho, neto ou sobrinho do proprietário da escrava.
Em todo o Brasil, a miscigenação ocorreu desta forma.
Dentre os libertos contavam-se representantes de todos os matizes de cor, mas predominantemente os PARDOS, cuja tonalidade de pele era mais ou menos “escura”.
Com a liberdade os “pardos” passaram a imitar os “brancos” no luxo das vestimentas, chegando até a humilharem os brancos mais pobres com o luxo de suas roupas, o que resultou em um artigo especial, em 1749,  da PRAGMÁTICA CONTRA O LUXO, de D. JOÃO V de proibir “nas colônias (inclusive o Brasil) dos negros, mesmo libertos, ou mulatos, ou filho de mulatos ou de mãe negra de trajarem tecidos de lãs finas, holandas, toda sorte de seda e tecidos finos de linho ou de algodão, ou trazerem sobre si ornato de joias, nem de ouro nem de prata, por mínimo que seja”.  
Vale ressaltar, que naquela época os escravos tanto poderiam ser oriundos da população indígena que eram tratados como "negros da terra" como  oriundos da África  que aparecem, nos registros públicos, como "gentio de Angola" ou "da nação Benguela" apontando para suas origens.  
Na verdade, tal proibição vigorou bastante tempo, mas já no fim do século XVIII eram vistas, tanto no Rio, Recife ou Minas Gerais, negros ou mulatas libertas ostentando ricos colares e pulseiras de ouro ou prata.
Nos velhos tempos do Brasil Colônia existia o preconceito da cor, substituído ao longo dos anos pelo preconceito de classe ou de cultura. Os “pardos” foram admitidos na sociedade através de sucessivos casamentos. E, mesmo no Brasil Império onde vigorou o instituto da escravidão, muitos “homens de cor” foram agraciados com título de nobreza e ordens honorificas, pois  no Brasil – felizmente – sempre o valor individual se sobrepôs às considerações de origem ou raça.
Encontrei nos registros paróquias de Mamanguape/PB ,do início do século XIX, várias apontamentos que comprovam a intensa miscigenação que ocorreu na Paraíba.
Em Bananeiras/PB a cor é sempre mencionada nos registros.  
No “sítio BACUPARI”, onde viveram vários dos integrantes de minha família, inclusive meu pentavô MANOEL JOZÉ PINTO, que era  na verdade  um pequeno agrupamento rural, encontrei  registros de casamentos  que comprovam a miscigenação. 
O grande número de 'PARDOS" já indica que, em menos de 100 anos do início da colonização, no brejo paraibano a grande parte da população já era mestiça.

 1) Casamento de 1798 de Ancelmo dos Santos e Izabel Maria, ambos pardos.
Imagem: family search

2) Casamento de 1798 (na capella de Bananeiras) de Manoel José de Oliveira (branco) com Clara Maria, parda . Muito comum o casamento entre um homem "branco" e uma mulher "parda" 
Imagem: family search 

3) Casamento de  1798 Antonio Francisco Britto (pardo) com Ignez Maria da Conceição (branca). Não era tão comum o casamento de uma mulher "branca" com um homem "pardo".
Imagem: family search

4) Casamento de 1798 de Marcellino dos Santos (índio livre) e Joanna (parda cativa)
Imagem: family search

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