Extraído do LIVRO GENEALOGIA SERTANEJA – CAPÍTULO XIII -
páginas 162 e seguintes.
Pelas minhas
conclusões, pelo menos dez por cento dos atuais habitantes da
cidade de Santa Cruz
(cerca de três mil pessoas), cujas famílias se fixaram naquela cidade há muito
tempo, possui algum vínculo de parentesco comigo, vez que temos um ancestral em
comum, embora este ancestral esteja distante na linha do tempo da geração atual,
ou seja, trata-se de um heptavô ou hexavô.
Tal fato é
perfeitamente explicável em se tratando de cidade pequena do interior, onde os
sucessivos casamentos entre membros de uma mesma família resultam em uma
consanguinidade entre os habitantes.
É possível que
qualquer habitante de Santa Cruz que ainda carregue os sobrenomes Costa,
Borges, Oliveira, Lima, Souza ou Pinto pertença à minha árvore genealógica.
Outros, que sequer carregam estes sobrenomes, podem ser ainda parentes mais
próximos.
Nas minhas pesquisas,
verifiquei que o sobrenome composto “SOUZA PINTO” (ou PINTO de SOUZA) foi
eleito por muitos membros da família desde há pelo menos século e meio.
Quanto ao sobrenome
PINTO, não havia qualquer dúvida tendo em vista a presença dele desde MANOEL
JOZÉ PINTO, meu pentavô. Mas, de onde teria surgido o SOUZA?.
O primeiro que
aparece com o sobrenome é DOMINGOS RIBEIRO DE SOUSA casado com MARIA FRANCISCA
DOS SANTOS. Alguns de seus filhos assinavam o SOUZA. Por sua vez, os filhos de
INÁCIA (neta do Domingos) e JOAQUIM, agregaram o sobrenome SOUZA.
Todavia, sabe-se que
não era este o costume daquela época. Assim poderíamos encontrar tranquilamente
um INÁCIO MARTINS PEREIRA, filho de Joaquim José Alves e de Maria da Conceição
ou MANOEL RODRIGUES LIMA, filho de João de Souza Barbalho e Inácia da
Conceição.
Meu trisavô (filho de
Joaquim e Inácia) também deixou de usar, algumas vezes, o sobrenome PINTO,
assinando apenas EMÍGDIO JOSÉ DE SOUZA tal qual aparece repetidas vezes nos
registros (ora de nascimento ora de casamento), como nestes assentos:
1) Batismo de Inácio,
um dos filhos de Emígdio e Izabel.
“Inácio, nascido aos trinta de janeiro
de 1884, filho EMIGIDIO JOSÉ DE SOUZA, natural da Parahiba, agricultor e Izabel
Franca de Lima, natural da Parahiba, serviços domésticos, baptizei solenemente
aos dous de abril do ano acima referido, foram padrinhos ANTONIO JUSTINO DE
SOUZA e sua mulher JOANNA FRANCISCA DO SACRAMENTO E SOUSA, para constar fiz
este assento, que assigno. Vigário Antonio Raphael Gomes de Melo” – observação no registro – casou-se nesta
freguesia com Maria Mercês de Medeiros aos 20/12/1916.
2) Casamento de
Alexandrina (minha bisavó), uma das filhas de Emígdio e
Izabel em 1891
“Aos
trinta de março de mil oitocentos e noventa e um na fazenda ALLIVIO, nesta
freguezia, tendo sido disignados no impedimento de 3º grau attigente ao 2º de
consanguinidade, garantias e testemunhas ANTONIO JUSTINO DE SOUSA E JOSÉ
FRANCICO DE OLIVEIRA, receberam-se em matrimônio, os contraentes JOAQUIM PAULINO
BORGES e ALEXANDRINA MARIA DO ESPIRITO SANTO, ele filho legítimo de Pedro
Paulino Borges e Bertholina Maria da Conceição, com vinte e quatro anos de
idade, natural e morador da freguezia de Bananeiras, ella filha legítima de Emigdo
José de Souza e Izabel França de Lima, com dezessete anos, natural e moradora desta
freguezia que para constar fiz o registro”.
Nestes registros
podemos notar várias coisas interessantes: Emígdio continua não assinando o
sobrenome PINTO, o qual só passa a assinar quando volta para a Paraíba –
provavelmente por volta de 1889.
Como dito
anteriormente, Emígdio residiu em Solânea (PB), antiga Moreno, mais
precisamente em Chã do Moreno, por um período indeterminado, retornando a Santa
Cruz aonde veio a falecer em 1916, com aproximadamente setenta anos de idade.
É bom lembrar que a
família PINTO, em Solânea, naquela época (1889), era mais “poderosa” e
conhecida do que a família “SOUZA”, a qual originariamente deve ter vindo de
ANTONIO DE SOUZA, um dos sesmeiros que adquiriu terras no rio Traíri (Sesmaria
205 – de 4/4/1735 – onde consta ser morador da Paraíba). Há indícios que este
seria avô de DOMINGOS RIBEIRO DE SOUZA (avô de Inácia).
Convém lembrar,
também, que JOAQUIM JOSÉ PINTO e INACIA eram descendentes do mesmo casal de
bisavós, segundo consta no registro de casamento (consanguinidade de terceiro
grau).
Todavia, apesar dos
meus esforços, não consegui documentos e nem o nome dos bisavós do casal.
Mas, esta é uma longa
história, que demanda tempo em pesquisas e obtenção de documentos em fontes
fidedignas. Seria uma leviandade minha assegurar tal fato sem ter em mãos uma
prova documental.
No entanto, ao
contrário do que pensava inicialmente, ANTONIO JUSTINO DE SOUZA não era irmão
de INÁCIA, na verdade era seu filho, irmão de EMÍGDIO JOSÉ DE SOUZA (PINTO).
Antonio Justino, ao
que tudo indica, trava-se de ANTONIO, um dos filhos do casal JOAQUIM JOSÉ PINTO
e INÁCIA MARIA DE JESUS.
Tal dedução lógica
advém de uma carta de provisões, onde JOAQUIM JOSÉ PINTO diz que seus filhos “ANTONIO
JUSTINO e EMÍGDIO JOSÉ” seriam os encarregados do recebimento da mercadoria
encomendada.
Ora, se Emígdio tinha
um irmão chamado ANTONIO JUSTINO, e se ANTONIO JUSTINO DE SOUZA, casado com
JOANNA FRANCISCA DO SACRAMENTO, ambos
naturais de Bananeiras (PB), foram padrinhos em Santa Cruz (RN), de Inácio em
1884, filho de Emígdio e Isabel, e se esse mesmo ANTONIO JUSTINO veio a ser
padrinho de casamento da filha de Emígdio (Alexandrina), também em Santa Cruz,
em 1891, é quase impossível não se tratar da mesma pessoa devido à coincidência
de nomes e sua prevalência no tempo e no espaço.
Por tais motivos,
embora não tenha tido acesso ao registro de nascimento de Antonio Justino (nem
de Emígdio) acredito firmemente que se tratava de irmãos, filhos de JOAQUIM
JOSÉ PINTO e INÁCIA.
Encontrei também o
registro de batismo, nos livros da Paróquia de Santa Cruz, de Eufrazina
(1/5/1864) filha de Trajano José Pinto e Fellipa Joaquina da Conceição, moradores
do Lugar do Melão. Pode ser que Trajano fosse outro irmão de Joaquim José
Pinto, filho de MANOEL JOZÉ PINTO, embora não tenha encontrado seu registro nos
livros de Bananeiras ou Araruna.
Tal registro é muito
interessante, pois é sabido que Antonio Justino de Souza era pai de Ezequiel
Mergelino de Souza, conhecido como CORONEL EZEQUIEL, grande proprietário de
terras nos Mellões, hoje município vizinho de Santa Cruz e que leva seu nome.
Quanto a EZEQUIEL
MERGELINO DE SOUZA, segundo pesquisas na Internet, teria nascido em Araruna
(PB) em 1865/66 e se mudado para Santa Cruz (RN) com três meses de idade. Esta
informação não parece ser verdadeira, vez que seus pais, ANTONIO JUSTINO DE
SOUZA e JOANNA FRANCISCA DO SACRAMENTO, foram padrinhos de batismo de uma
criança, em dezembro de 1866, em Araruna.
“Aos vinte e oito dias de dezembro de
1866 na Matriz de N. Senhora da Conceição d’Araruna baptizei solenemente e puz
os santos óleos à Belmira, parda de dois annos e quatro meses de idade filha
legítima de Manoel Francisco Alves do Nascimento e Anna Joaquina da Conceição,
moradores nesta freguezia. forão padrinhos Antonio Justino de Sousa e sua
mulher Joanna Francisca do Sacramento. Vigário Francisco Xaves da Rocha”.
Também creio que
Ezequiel tenha ido para Santa Cruz com pelo menos dez anos de idade, já que ele
foi crismado em Araruna por volta de 1876, conforme consta no Livro de Crisma
da Paróquia de Araruna - 1866/1891(índice fl. 7).
Assim, com base nos
documentos encontrados até agora, ANTONIO JUSTINO E JOANNA FRANCISCA
foram para Santa Cruz depois de 1876, sendo certo que em 1884 (data em que
foram padrinhos de Inácio - filho de Emígdio e Isabel) já estavam naquela localidade.
Cabe ressaltar que
Emígdio morava em Bananeiras. Só passou a residir em Santa Cruz após o seu
casamento com Alexandrina, em 1870.
A bem da verdade, é
bom que fique claro que havia uma intensa movimentação na família entre as
cidades de Araruna (PB), Bananeiras (PB), Solânea (PB) e Santa Cruz (RN), razão
pela qual é quase impossível afirmar com precisão as datas em que os familiares
se fixaram em uma ou outra região.
EZEQUIEL MERGELINO DE
SOUZA também aparece em vários registros, como padrinho de casamento dos filhos
de Emigdio, como podemos ver neste registro de 1909, do casamento de MANOEL
PINTO DE SOUZA (filho de Emígdio e Izabel) e MARIA LEOPOLDINA GUIMARÂES (Livro
de Casamento
n. 06, fl. 93, número
79 – Santa Cruz (RN).
“Aos trinta de junho de mil novecentos
e nove nesta Matriz, perante as testemunhas EZEQUIEL MERGELINO DE SOUZA e CINÉZIO
FERREIRA GUIMARÃES, MANOEL PINTO DE
SOUZA e MARIA LEOPOLDINA RODRIGUES, ele filho legítimo de Emygdio José de Souza
e Izabel Franca de Lima, nascido em 1881, nesta freguezia, e ela, filha de
Antonio Bazilio da Costa e Joaquina Aurélia da Conceição, nascida em 1896, e moradora
nesta freguezia,receberão as benções nupciais, do que para constar fiz o
registro.”
Como minha intenção
não é e nunca foi estudar as linhas colaterais, só fiz questão de escrever este
tópico como elemento de prova de que grande parte da população atual de Santa
Cruz descende do mesmo tronco genealógico que eu descendo, ou seja, de pelo
menos um casal ancestral (MANOEL JOZÉ PINTO E ANNA JOAQUINA), que passados
duzentos anos, acumulam aproximadamente 30 mil descendentes espalhados em todo
Brasil e quiçá no mundo. Mas, assim aconteceu em quase todas as famílias,
principalmente as nordestinas do século XIX, onde a prole era imensa.
Só para constar, um
só casal, LUIZ SEVERIANO DA COSTA E ISABEL ALEXANDRINA BORGES (meus avós,
casados em 22/08/1918), hoje, passados menos que um século do seu casamento, já
possuem mais de 180 descendentes conhecidos, entre meus tios e tias, primos e
primas, netos, bisnetos e trinetos. Não foi possível relacionar todos os seus
descendentes para a árvore genealógica, vez que muitos familiares não
forneceram dados, sendo provável que esse número seja muito maior alcançando a
mais de 240 indivíduos.
Enfim, minha família
paterna é imensa. Se realmente fosse identificar todos os descendentes na
árvore genealógica da família, viraria um censo. Missão impossível!
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