domingo, 2 de junho de 2013

LIGAÇÕES GENEALÓGICAS

Extraído do LIVRO GENEALOGIA SERTANEJA – CAPÍTULO XIII - páginas 162 e seguintes.

Pelas minhas conclusões, pelo menos dez por cento dos atuais habitantes da
cidade de Santa Cruz (cerca de três mil pessoas), cujas famílias se fixaram naquela cidade há muito tempo, possui algum vínculo de parentesco comigo, vez que temos um ancestral em comum, embora este ancestral esteja distante na linha do tempo da geração atual, ou seja, trata-se de um heptavô ou hexavô.
Tal fato é perfeitamente explicável em se tratando de cidade pequena do interior, onde os sucessivos casamentos entre membros de uma mesma família resultam em uma consanguinidade entre os habitantes.
É possível que qualquer habitante de Santa Cruz que ainda carregue os sobrenomes Costa, Borges, Oliveira, Lima, Souza ou Pinto pertença à minha árvore genealógica. Outros, que sequer carregam estes sobrenomes, podem ser ainda parentes mais próximos.
Nas minhas pesquisas, verifiquei que o sobrenome composto “SOUZA PINTO” (ou PINTO de SOUZA) foi eleito por muitos membros da família desde há pelo menos século e meio.
Quanto ao sobrenome PINTO, não havia qualquer dúvida tendo em vista a presença dele desde MANOEL JOZÉ PINTO, meu pentavô. Mas, de onde teria surgido o SOUZA?.
O primeiro que aparece com o sobrenome é DOMINGOS RIBEIRO DE SOUSA casado com MARIA FRANCISCA DOS SANTOS. Alguns de seus filhos assinavam o SOUZA. Por sua vez, os filhos de INÁCIA (neta do Domingos) e JOAQUIM, agregaram o sobrenome SOUZA.
Todavia, sabe-se que não era este o costume daquela época. Assim poderíamos encontrar tranquilamente um INÁCIO MARTINS PEREIRA, filho de Joaquim José Alves e de Maria da Conceição ou MANOEL RODRIGUES LIMA, filho de João de Souza Barbalho e Inácia da Conceição.
Meu trisavô (filho de Joaquim e Inácia) também deixou de usar, algumas vezes, o sobrenome PINTO, assinando apenas EMÍGDIO JOSÉ DE SOUZA tal qual aparece repetidas vezes nos registros (ora de nascimento ora de casamento), como nestes assentos:

1) Batismo de Inácio, um dos filhos de Emígdio e Izabel.
Inácio, nascido aos trinta de janeiro de 1884, filho EMIGIDIO JOSÉ DE SOUZA, natural da Parahiba, agricultor e Izabel Franca de Lima, natural da Parahiba, serviços domésticos, baptizei solenemente aos dous de abril do ano acima referido, foram padrinhos ANTONIO JUSTINO DE SOUZA e sua mulher JOANNA FRANCISCA DO SACRAMENTO E SOUSA, para constar fiz este assento, que assigno. Vigário Antonio Raphael Gomes de Melo– observação no registro – casou-se nesta freguesia com Maria Mercês de Medeiros aos 20/12/1916.

2) Casamento de Alexandrina (minha bisavó), uma das filhas de Emígdio e
Izabel em 1891
 “Aos trinta de março de mil oitocentos e noventa e um na fazenda ALLIVIO, nesta freguezia, tendo sido disignados no impedimento de 3º grau attigente ao 2º de consanguinidade, garantias e testemunhas ANTONIO JUSTINO DE SOUSA E JOSÉ FRANCICO DE OLIVEIRA, receberam-se em matrimônio, os contraentes JOAQUIM PAULINO BORGES e ALEXANDRINA MARIA DO ESPIRITO SANTO, ele filho legítimo de Pedro Paulino Borges e Bertholina Maria da Conceição, com vinte e quatro anos de idade, natural e morador da freguezia de Bananeiras, ella filha legítima de Emigdo José de Souza e Izabel França de Lima, com dezessete anos, natural e moradora desta freguezia que para constar fiz o registro”.

Nestes registros podemos notar várias coisas interessantes: Emígdio continua não assinando o sobrenome PINTO, o qual só passa a assinar quando volta para a Paraíba – provavelmente por volta de 1889.
Como dito anteriormente, Emígdio residiu em Solânea (PB), antiga Moreno, mais precisamente em Chã do Moreno, por um período indeterminado, retornando a Santa Cruz aonde veio a falecer em 1916, com aproximadamente setenta anos de idade.
É bom lembrar que a família PINTO, em Solânea, naquela época (1889), era mais “poderosa” e conhecida do que a família “SOUZA”, a qual originariamente deve ter vindo de ANTONIO DE SOUZA, um dos sesmeiros que adquiriu terras no rio Traíri (Sesmaria 205 – de 4/4/1735 – onde consta ser morador da Paraíba). Há indícios que este seria avô de DOMINGOS RIBEIRO DE SOUZA (avô de Inácia).
Convém lembrar, também, que JOAQUIM JOSÉ PINTO e INACIA eram descendentes do mesmo casal de bisavós, segundo consta no registro de casamento (consanguinidade de terceiro grau).
Todavia, apesar dos meus esforços, não consegui documentos e nem o nome dos bisavós do casal.
Mas, esta é uma longa história, que demanda tempo em pesquisas e obtenção de documentos em fontes fidedignas. Seria uma leviandade minha assegurar tal fato sem ter em mãos uma prova documental.
No entanto, ao contrário do que pensava inicialmente, ANTONIO JUSTINO DE SOUZA não era irmão de INÁCIA, na verdade era seu filho, irmão de EMÍGDIO JOSÉ DE SOUZA (PINTO).
Antonio Justino, ao que tudo indica, trava-se de ANTONIO, um dos filhos do casal JOAQUIM JOSÉ PINTO e INÁCIA MARIA DE JESUS.
Tal dedução lógica advém de uma carta de provisões, onde JOAQUIM JOSÉ PINTO diz que seus filhos “ANTONIO JUSTINO e EMÍGDIO JOSÉ” seriam os encarregados do recebimento da mercadoria encomendada.
Ora, se Emígdio tinha um irmão chamado ANTONIO JUSTINO, e se ANTONIO JUSTINO DE SOUZA, casado com JOANNA FRANCISCA DO SACRAMENTO,  ambos naturais de Bananeiras (PB), foram padrinhos em Santa Cruz (RN), de Inácio em 1884, filho de Emígdio e Isabel, e se esse mesmo ANTONIO JUSTINO veio a ser padrinho de casamento da filha de Emígdio (Alexandrina), também em Santa Cruz, em 1891, é quase impossível não se tratar da mesma pessoa devido à coincidência de nomes e sua prevalência no tempo e no espaço.
Por tais motivos, embora não tenha tido acesso ao registro de nascimento de Antonio Justino (nem de Emígdio) acredito firmemente que se tratava de irmãos, filhos de JOAQUIM JOSÉ PINTO e INÁCIA.
Encontrei também o registro de batismo, nos livros da Paróquia de Santa Cruz, de Eufrazina (1/5/1864) filha de Trajano José Pinto e Fellipa Joaquina da Conceição, moradores do Lugar do Melão. Pode ser que Trajano fosse outro irmão de Joaquim José Pinto, filho de MANOEL JOZÉ PINTO, embora não tenha encontrado seu registro nos livros de Bananeiras ou Araruna.
Tal registro é muito interessante, pois é sabido que Antonio Justino de Souza era pai de Ezequiel Mergelino de Souza, conhecido como CORONEL EZEQUIEL, grande proprietário de terras nos Mellões, hoje município vizinho de Santa Cruz e que leva seu nome.
Quanto a EZEQUIEL MERGELINO DE SOUZA, segundo pesquisas na Internet, teria nascido em Araruna (PB) em 1865/66 e se mudado para Santa Cruz (RN) com três meses de idade. Esta informação não parece ser verdadeira, vez que seus pais, ANTONIO JUSTINO DE SOUZA e JOANNA FRANCISCA DO SACRAMENTO, foram padrinhos de batismo de uma criança, em dezembro de 1866, em Araruna.
Aos vinte e oito dias de dezembro de 1866 na Matriz de N. Senhora da Conceição d’Araruna baptizei solenemente e puz os santos óleos à Belmira, parda de dois annos e quatro meses de idade filha legítima de Manoel Francisco Alves do Nascimento e Anna Joaquina da Conceição, moradores nesta freguezia. forão padrinhos Antonio Justino de Sousa e sua mulher Joanna Francisca do Sacramento. Vigário Francisco Xaves da Rocha
Também creio que Ezequiel tenha ido para Santa Cruz com pelo menos dez anos de idade, já que ele foi crismado em Araruna por volta de 1876, conforme consta no Livro de Crisma da Paróquia de Araruna - 1866/1891(índice fl. 7).
Assim, com base nos documentos encontrados até agora, ANTONIO JUSTINO E JOANNA FRANCISCA foram para Santa Cruz depois de 1876, sendo certo que em 1884 (data em que foram padrinhos de Inácio - filho de Emígdio e Isabel) já estavam naquela localidade.
Cabe ressaltar que Emígdio morava em Bananeiras. Só passou a residir em Santa Cruz após o seu casamento com Alexandrina, em 1870.
A bem da verdade, é bom que fique claro que havia uma intensa movimentação na família entre as cidades de Araruna (PB), Bananeiras (PB), Solânea (PB) e Santa Cruz (RN), razão pela qual é quase impossível afirmar com precisão as datas em que os familiares se fixaram em uma ou outra região.
EZEQUIEL MERGELINO DE SOUZA também aparece em vários registros, como padrinho de casamento dos filhos de Emigdio, como podemos ver neste registro de 1909, do casamento de MANOEL PINTO DE SOUZA (filho de Emígdio e Izabel) e MARIA LEOPOLDINA GUIMARÂES (Livro de Casamento
n. 06, fl. 93, número 79 – Santa Cruz (RN).
Aos trinta de junho de mil novecentos e nove nesta Matriz, perante as testemunhas EZEQUIEL MERGELINO DE SOUZA e CINÉZIO FERREIRA GUIMARÃES,  MANOEL PINTO DE SOUZA e MARIA LEOPOLDINA RODRIGUES, ele filho legítimo de Emygdio José de Souza e Izabel Franca de Lima, nascido em 1881, nesta freguezia, e ela, filha de Antonio Bazilio da Costa e Joaquina Aurélia da Conceição, nascida em 1896, e moradora nesta freguezia,receberão as benções nupciais, do que para constar fiz o registro.”
Como minha intenção não é e nunca foi estudar as linhas colaterais, só fiz questão de escrever este tópico como elemento de prova de que grande parte da população atual de Santa Cruz descende do mesmo tronco genealógico que eu descendo, ou seja, de pelo menos um casal ancestral (MANOEL JOZÉ PINTO E ANNA JOAQUINA), que passados duzentos anos, acumulam aproximadamente 30 mil descendentes espalhados em todo Brasil e quiçá no mundo. Mas, assim aconteceu em quase todas as famílias, principalmente as nordestinas do século XIX, onde a prole era imensa.
Só para constar, um só casal, LUIZ SEVERIANO DA COSTA E ISABEL ALEXANDRINA BORGES (meus avós, casados em 22/08/1918), hoje, passados menos que um século do seu casamento, já possuem mais de 180 descendentes conhecidos, entre meus tios e tias, primos e primas, netos, bisnetos e trinetos. Não foi possível relacionar todos os seus descendentes para a árvore genealógica, vez que muitos familiares não forneceram dados, sendo provável que esse número seja muito maior alcançando a mais de 240 indivíduos.

Enfim, minha família paterna é imensa. Se realmente fosse identificar todos os descendentes na árvore genealógica da família, viraria um censo. Missão impossível!

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