No Brasil a escravidão está
associada aos negros que foram trazidos da África entre os séculos XVI e XIX (um
período de 388 anos).
Sobre
o tema existem muitas pesquisas que resultaram em excelentes obras que retratam
historicamente o regime escravocrata. Contudo, me parece que poucos esclarecem
alguns pontos que considero fundamentais para entender as diferenças regionais que
foram estabelecidas ao longo do tempo.
Para
tanto é preciso retroceder na linha do tempo para preencher a lacuna que existe
quando se fala em escravidão, até porque a ideia de igualdade entre os “seres
humanos” é muito recente se considerada a longa trajetória das civilizações (datando dos últimos 250 anos).
Nesses
mais de 20 mil anos, desde o aparecimento das primeiras culturas agrícolas e
urbanas, muita coisa aconteceu em se tratando de escravidão.
Sempre
existiu uma hierarquia entre os “dominadores” e os “dominados”. Os primeiros
desfrutaram da liberdade e certa independência, enquanto os outros eram
considerados “humanos” de uma classe inferior.
Na
antiguidade tanto os assírios, hebreus, gregos, egípcios como os romanos
possuíam escravos que eram geralmente capturados nas guerras.
Os
escravos tinham um papel de muita importância em todas estas culturas sendo
considerada a escravidão legítima e legal. Na Bíblia encontramos várias
referências aos escravos e de como eram tratados.
Assim, podemos dizer com probidade que a escravidão é tão antiga quanto a própria história da humanidade.
Muito antes da chegada dos portugueses no Brasil várias etnias indígenas também praticavam a escravidão subjugando membros de outras tribos vencidas em guerras.
Assim, podemos dizer com probidade que a escravidão é tão antiga quanto a própria história da humanidade.
Muito antes da chegada dos portugueses no Brasil várias etnias indígenas também praticavam a escravidão subjugando membros de outras tribos vencidas em guerras.
Na
África não foi diferente. Tudo aconteceu da mesma forma. Na verdade, até hoje
temos notícias que no Sudão existem milhares de escravos vivendo de uma forma
indigna. Negros que escravizam outros negros. Nesse caso não se trata de
diferenças raciais e sim diferenças sociais.
No
Brasil a escravidão começa justamente com os indígenas e durou quase 200 anos,
e só não se estendeu devido à posição protecionista dos jesuítas aos “negros da
terra”, como eram chamados os índios.
Mas,
em se tratando de escravidão sempre temos em mente os escravos negros vindos da
África, os quais quase sempre são tratados como uma população homogênea quando
na verdade isto nunca existiu, já que diversas nações com culturas diferentes foram
escravizadas e trazidas para nosso solo.
Debret
e Rugendas retrataram em suas telas as diferenças tribais dos negros de Angola,
do Congo, Benguela, Cabinda e Mina dentre outras nações. Sendo fácil observar traços
faciais diferenciados, como é fato que falavam línguas ou dialetos diferentes e
apresentavam variantes culturais distintas.
Logo,
o único traço que os igualava era o fato de serem africanos e negros (seres
considerados inferiores na hierarquia social da época).
Por
outro lado, a elite dominante era branca e de origem europeia (seres
considerados superiores na hierarquia social ).
Mas,
nem tudo foi sempre uma questão de “preto e branco”. As miscigenações ocorreram
gradualmente, sendo fácil encontrar nos antigos registros paroquiais muitos
exemplos, como no casamento de ANTONIO FRANCISCO DE BRITO com IGNEZ MARIA DA
CONCEIÇÃO, ele pardo livre e ela branca (1798).
Ou
de Marcelino dos Santos, índio e Joana, parda cativa (1799).
Grande parte dos brasileiros descendem das três "matrizes" (índios, negros e brancos). Mas, infelizmente, em se tratando de genealogia é muito difícil recuperar a linhagem genealógica senão aquela ligada aos "brancos europeus". A tecnologia tem ajudado de certa forma com a pesquisa de DNA ancestral que permite identificar a origem geográfica dos ancestrais, mas ainda é muito pouco para quem tem busca os seus antepassados.
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