domingo, 24 de agosto de 2014

ESTATÍSTICA DA PROVÍNCIA DA PARAÍBA -1850

No "mapa estatístico da Província da Parahyba de 1850" consta que o sertão da província principiou a ser povoado por maior número de "pessoas brancas", sendo que a maior parte de terras são impróprias para a agricultura, sendo o restante fértil, principalmente nas serras e proximidades dos rios onde se plantavam cana, mandioca, arroz, fumo, algodão, inhame, abóbora, batatas e frutas como bananas, laranjas, melancias, melões e pinhas.
Consta que as madeiras encontradas na época eram o pau brasil, angico, pau ferro, jurema, aroeira, angelim, pau d'arco e baraúna.
As árvores frutíferas eram o cajueiro, coqueiro, goiabeira, pitombeira, mangueira, cajazeira, imbuzeiro, mangabeira e árvore da pinha.
Naquela época era comum encontrar no interior onça. lontra, raposa, macacos, preás, mocós, pombas de asa branca, papagaios, periquitos, tucanos, marrecos, sabiás, garças e gaviões.
Nos brejos plantavam algodão e fabricavam açúcar. 

Alguns lugares apontados no mapa:
MONTEMOR ou ALDEIA DA PREGUIÇA - Povoação pertencente a vila de Mamanguape. Tem a capela de Nossa Senhora dos Prazeres;
BANANEIRAS - Vila pela lei provincial de 1835. Situada a 35 léguas distante da Paraíba e 9 da cidade de Areia. Sua população livre é de 21.389 e dá 13 eleitores.
ALAGOA NOVA - Povoação pertencente ao município de Campina Grande. Seus habitantes cultivam o algodão.
CUITÉ - Povoação situada a 16 léguas ao norte da cidade de Areia. Matriz de Nossa Senhora das Merces. Já pertenceu à vila do Príncipe do Rio Grande do Norte, porém a Assembleia Geral por uma lei de 1840 a reuniu ao distrito da cidade de Areia. Presentemente pertence a Bananeiras 
CAMPINA GRANDE - Vila situada sobre uma colina da serra da Borborema a 30 léguas a sudoesta da capital. Tem dois açudes. População livre de 14.449 e dá 28 eleitores.
MAMANGUAPE - Vila na margem do mesmo rio. Sua população é de 12142 e dá 26 eleitores; Nas suas matas encontram-se madeiras para construção. Matriz de São Pedro e São Paulo.

****FONTE: O governista parahybano .

FAMÍLIA PEREIRA GOMES

FAMÍLIA PEREIRA GOMES
Hoje, abrindo espaço nesse blog, venho tratar um pouco mais dos meus ancestrais maternos, a família de minha avó materna ELVIRA, portugueses que se fixaram em Três Rios/RJ.

Abaixo, um pequeno resumo da família.
   
O patriarca da família - MANOEL PEREIRA GOMES - nasceu em 1844 em Santa Eulália - Portugal e faleceu em 14.03.1916 em Alberto Torres - RJ. Foi enterrado no cemitério São José em Três Rios, onde foi enterrado também seu irmão ANTONIO PEREIRA GOMES, falecido em 27.03.1911.
Passaporte de ANTONIO consta: 24 anos, solteiro. Natural de Cabanelas, Santa Eulália, VILA VERTE, Destino Rio de Janeiro, embarca em Lisboa. 08/10/1875 (nascido em 1851). 

Manoel e era filho de JOSÉ CUSTÓDIO GOMES (nascido em 1807) e de JOAQUINA PEREIRA DO LAGO (20/06/1811). Neto materno de ANTONIO FRANCISCO PEREIRA, nascido em 9/5/1776 e de ANNA PEREIRA DO LAGO, ricos comerciantes em Matosinhos - Portugal. 
Não é certo o ano em que MANOEL imigrou para o Brasil, estimando-se o ano de 1860.
Em 6/11/1871, casou-se com MARIA DAS MERCÊS BOTELHO DE MEDEIROS, nascida em 21/09/1856 em Vila da Lagoa, Ilha de São Miguel, Açores, Portugal. Falecida no dia 2/9/1905, em Três Rios/RJ 
MARIA DAS MERCÊS era filha de JOAQUIM ANTONIO DE MEDEIROS e JACINTHA CÂNDIDA BOTELHO. Faleceu vitima de pneumonia.

O  casamento de MANOEL E MARIA DAS MERCÊS foi celebrado pelo padre Roque Monteline, na Capela Nossa Senhora da Piedade em Três Rios/RJ, sendo testemunhas Baltahazar Martins Portella e Antonio Botelho Mello (tio da noiva).
imagem: arquivo pessoal
O casal viveu na Fazenda Cantagalo e na Boa União. Em 1902, residiam na rua Viscondessa de Entre Rios. Em 1903, na Rua Martinho Campos, ambas em Três Rios.
Os filhos do casal:
1) ANTONIO PEREIRA GOMES SOBRINHO ( 25/09/1974).Casou-se aos 23/07/1904, no Rio de Janeiro, com Iracema Augusta Puga, filha de José Maria Puga e Maria do espírito Santos Puga.
Assinatura dos nubentes
imagem: arquivo pessoal

2) HENRIQUETA PEREIRA GOMES (16/05/1878). Casou-se em 14/02/1903, com Antonio Marques dos Reis (português), filho de José Joaquim Marques dos Reis e Beraldina Joaquina Dantas. O casamento foi celebrado na casa do pai da noiva (MANOEL PEREIRA GOMES), que residia na época na Rua Martinho Campos em Três Rios.

Assinaturas de membros da família no registro de casamento de Manoel Pereira Gomes Filho - Manoel Pereira Gomes, José Pereira Gomes (irmão), Antonio Pereira Gomes Sobrinho (irmão), Manoel Pereira Gomes (pai) e Elvira Pereira Gomes (irmã).
imagem family search

3) JOSÉ (06/03/11880)
4) MANOEL (11;02/1882).
5) ELVIRA (20/10/1883).  Foi Batizada no dia 24/02/1884, pelo padre Feliz de Alvarnega Salez, na Capela Nossa Senhora da Piedade.
Casou-se em em 29/02/1908, em Três Rios, com Pierre Audebert, filho de Guillaume Audebert e Marie Favard.

Casamento Religioso


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 "aos vinte e nove de fevereiro de mil novecentos e oito na Capella de Entre-Rios desta freguesia observada as disposições do Concilio de Trento e Constituição do Bispado em minha presença e das testemunhas ANTONIO MARQUES DOS REIS (cunhado de Elvira casado com sua irmão Henriqueta) e JOSÉ PEREIRA GOMES (irmão de Elvira) por palavras de presente se receberão em matrimônio PEDRO AUDEBERT, filho legítimo de Guilherme Audebert e Marie Tavares Audebert, natural da França e ELVIRA PEREIRA GOMES, filha legítima de Manoel Pereira Gomes e Maria das Merces Pereira Gomes, já fallecida e natural desta freguesia e para constar mandei fazer este termo que assingno Vigario João Carvalho"

Assinatura dos nubentes. Pierre já assina como Pedro (havia "aportuguesado" o prenome).
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O casamento civil foi realizado no mesmo dia. O mais interessante é que além da família PEREIRA GOMES, aparece o nomes de DOMINGOS PINTO DE RESENDE, cunhado de Pierre, marido de GABRIELLE (GABRIELA) AUDEBERT
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6) JOÃO (24/06/1885). Casou-se em 5/02/1910 com Elvira Pereira Lopes, filha de Antonio Pereira Lopes e Josephina Lopes, em Três Rios.
João foi duas vezes Operário Padrão Nacional - 1957 e 1965. Em 1965, completou 60 anos de trabalho na Empresa Brasileira de Energia Elétrica. Contava 80 anos e continuava trabalhando.
Assinaturas dos nubentes e da testemunha ANTONIO PEREIRA GOMES, tio da noiva. E de Elvira Pereira Gomes, sua irmã.
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7) JERÔNIMO (?)
8) MARIA DAS MERCÊS. Aparece apenas como MARIA PEREIRA GOMES.   
9) ÁLVARO
10) JOSINO 
11)*** MERCEDES (falecida aos cinco anos de idade em 1897).

domingo, 17 de agosto de 2014

CRIAÇÃO DA ALFÂNDEGA EM NATAL

Decreto de 3/2/1820 - Criação da alfândega em Natal
No Brasil, as primeiras alfândegas foram instaladas entre 1534 e 1540, ainda no regime das capitanias hereditárias. Mas, é com a abertura dos portos, em 1808, que as alfândegas se tornaram a principal fonte de receita fiscal do Brasil.
Eram isentas de tributação as mercadorias exportadas para Portugal.
A criação da alfândega em Natal estava centrada na comercialização de um só produto: o algodão.
O decreto em sua íntegra:

" Tendo pelo meu Decreto da data desta mandado estabelecer uma alfandega na cidade do Natal, capital da Província do Rio Grande do Norte, para que os habitantes della, gozando da franqueza do commercio, que tenho concedido a este Reyno, possam directamente commerciar com todos os povos, meus vassalos ou estrangeiros,: e convindo dar providencias para que pela má fé, e dolo de alguns, se não perca a reputação da boa qualidade do Algodão, da mesma Província, e se não diminua consequentemente a sua extração, hei por bem crear na mesma cidade uma casa de inspecção, para o exame do Algodão, que for exportando do Porto da mesma cidade, a qual regulará pela de Pernambuco, e observará o que for determinado para a regulação desta a Real Juncta do Commercio, Agricultura Fabricas, e Navegação deste Reyno e Dominios Ultramarinos o que tenha assim entendido e faça executar com os despachos necessários.
Palácio do Rio de Janeiro com a Rubrica d'El Rey Nosso Senhor".

domingo, 3 de agosto de 2014

POPULAÇÃO INDÍGENA DO RIO GRANDE DO NORTE - 1840

Em 1840, segundo recenseamento, existiam mais de 7.000 índios no Rio Grande do Norte. Contudo, em mapa elaborado na mesma época a concentração maior atingia os seguintes lugares:
  
EXTREMOZ - Estimados 700, possuíam uma légua de terras no lugar denominado Cidade dos Veados. Viviam da pesca
SÃO JOSÉ - Estimados 500, possuíam uma data de terras que não era propícia à agricultura. Plantavam milho da pesca.
VILLA FLOR - Existiam 140 fogos (palhoças) de índios os quais ocupavam duas léguas de terra e cultivavam mandioca.
GOIANINHA - A população não excedia a 400. Cultivavam a mandioca e a carrapateira (mamona, que extraíam o óleo).

No mesmo período 39.600 indivíduos foram considerados "de cor" embora livres, sendo lícito presumir que dentre os quais existiam índios.

ÍNDIOS SUCURUS

" Os índios sucurus eram da raça Cariry, grande nação indígena, que habitou o interior desta província e da do Ceará, dando o seu nome a duas regiões - Carirys Velhos e Carirys Novos.
Herckman, em sua interessante descripção geral da capitania da Parahyba, publicada pelo ilustrado Dr José Higino, diz que os Carirys habitavam esta capitania transversalmente à de Pernambuco; e que eram um povo robusto, de grande estatura, de cor atrigueirada e de cabelos pretos.
É certo, porém, que a região denominada Carirys Velhos, a que deram o nome, não é tão restrita; ocupa quase todo plateau da Borburema, atravessando a província de norte a sul.
A tribo Sucuru era sem dúvida uma das mais importantes da raça Cariry, o que é corroborado pelo seguinte facto.
Em 1718, o governador da Parahyba, Antonio Velho Coelho, a requerimento de Sebastião da Silva, capitão-mor dos Sucurus, concedeu-lhe a sesmaria de Boa Vista, nas extremas desta com a do Rio-Grande do Norte, pelo motivo de terem vindo os mesmos índios, por ordem de seu antecessor, a defender e reparar os assintes que davam os Tapuias bravos e levantados.
Se os índios Sucurus não fossem uma tribo numerosa e valente, não seriam chamados da distancia de 50 léguas para defender a nascente colonia portuguesa da Parahyba.
É ainda de crer que os Sucurus não dominassem somente todo o territorio banhado pelo rio do seu nome, mas também o adjacente que hoje forma o termo de Teixeira. Pelo menos é esta a oppinião do illustrado Sr. Conego Bernardo de Carvalho Andrade, fundada em uma tradição e uma lenda.
A tradição diz que os sucurus habitavam as sombrias matas nas imediações da villa do Teixeira, particularmente o lugar Poços, onde existe hoje o importante açude publico, construído durante a secca ded1877/78, tendo ahi sido encontrados, aliás diversos artefatos indígenas ..."
(extraído do Jornal Gazeta do Serão de 15  de março de 1889 - Irineo Jofilly)    

Sesmaria concedida em 21 de março de 1719, a Domingos Vieira Machado e Zacarias de Melo, que segundo a historiografia oficial teriam sidos os fundadores da cidade de Bananeiras/PB.
Na descrição da sesmaria encontra-se a referencia de que as "terras são nas testadas dos índios Sucurus na Serra da Cupaóba pelo riacho Cannafistula, duas legoas de comprido e uma de largo, buscando o nascente e outras duas de outra testada pela mesma aldeia dos Sucurús buscando a Muricituba e outras duas de largo, buscando tãobem o nascente e vem a contestarem e fazerem quatro na largura sempre pelas testadas da dita aldeia, cujas terras, supposto fossem dadas em algum tempo, estão  devolutas e por taes e estarem povoadas haveria quatro ou cinco meses."
Pelo requerimento vemos que os sesmeiros estariam ocupando as terras que eram dos Sucurus, que segundo eles, estariam devolutas.

Gazeta do Sertão 1890