Devido ao grande interesse que
tem despertado ultimamente, em grande parte fundado na possibilidade de
certificação junto à Comunidade Israelita de Lisboa, que é fundamental para
obtenção de nacionalidade portuguesa considerada a ascendência Sefardita,
muitos passaram a se interessar pelos processos do Tribunal do Santo Ofício com
acusações de práticas judaizantes.
Alguns de meus ancestrais
cristãos novos.
Atualmente, tenho conhecimento
de 4 ancestrais, que já foram certificados pela CIL. São eles:
- Beatriz Marques (da Ilha de São Miguel, Açores – Portugal), através
de sua sobrinha Águeda Moniz.
- Camila Fernandes e Domingos Gonçalves, que viveram em Barcelos,
Braga, Portugal entre 1570/1630 (vide postagem no blog)
- Guiomar Alvares, da Ilha de São Miguel, através do processo de seu
irmão o advogado Henrique Soares (vide postagem no blog)
- Isabel Dias, nascida por volta de 1590 na Ilha de Santa Maria
(através dos Borges).
E, outra ancestral ANA DE SOUSA, também da ilha de São
Miguel nos Açores, que foi certificada, mas que ainda estou pesquisando os
documentos comprobatórios. Oportunamente, farei uma postagem.
Quanto a BEATRIZ MARQUES, ela é também ancestral dos irmãos Medeiros – muito conhecidos no Seridó, por terem deixado muitos descendentes.
Ela descende de Inês de Xerez, cristã nova castelhana, que
viveu na ilha de São Miguel nos Açores. Ela foi casada com Marcos Afonso,
um mercador rico, também castelhano, tendo o casal vivido na Ribeira Grande na Ilha de São Miguel, nos
Açores.
Segundo Gaspar
Fructuoso, em seu livro Saudades da Terra[1]:
“Casou
Mécia Roiz, a segunda vez, como Diogo Anes, nessa Ilha de São Miguel onde veio
ter, muito rica, depois de viúva, de quem houve esses filhos: Pedro Anes
Furtado, clérigo, beneficiado na Vila da Ribeira Grande. Manuel Roiz Furtado que se casou com BEATRIZ MARQUES, filha de Marcos
Afonso e Inês de Xerez, natural de Xerez da Fronteira”.
Extrai-se a informação da
filiação de BEATRIZ MARQUES, como
sendo filha do casal e, ainda, o marido dessa como Manuel Roiz Furtado, além da procedência do casal como sendo de “Xerez da Fronteira” [2].
Fructuoso também aponta como filha do casal ELVIRA MARQUES, casada em segundas
núpcias com JOÃO MARTINS, filho de Cristóvão Martins, também castelhano da
cidade de Xerez.
“Outro
filho de Cristóvão Martins e de Isabel Muniz, chamado João Martins se casou com
ELVIRA MARQUES, viúva, filha de Marcos Afonso, de quem houve
um filho e duas filhas, Catarina Muniz, casada com Braz Martins e Águeda Muniz, casada com Álvaro Lopes
da Costa, filho de João Carneiro Lopes. ”
Rodrigo
Rodrigues[3] afirma que “João Martins Moniz, (Vid. Frutuoso Liv. IV
Cap.º XX § XXIV). Casou com Elvira
Marques, viúva de Fernão Tavares e filha
de Marcos Afonso e Inês de Xerez. Tiveram: Agueda Moniz, casada com Álvaro Lopes da Costa e Catarina Moniz.” A terceira filha conhecida do casal é LEONOR
MARQUES, cuja filiação vem comprovada pelo Livro de Reconciliações da Visitação das Ilhas dos Açores e Continente
[4],
acusada de práticas judaizantes, onde a mesma declara ser filha de Inês de Xerez.
Assim, são
conhecidas como filhas do casal MARCOS
AFONSO e INÊS DE XEREZ: 1)
BEATRIZ MARQUES, ao que tudo indica era filha mais velha, 2) ELVIRA MARQUES (mãe de ÁGUEDA MONIZ[5])
e 3) LEONOR MARQUES (mãe de INÊS MARQUES).
“Aos vinte e nove dias do mês de novembro de mil
quinhentos e setenta e cinco, na cidade de Ponta Delgada da ilha de São Miguel,
na pousada do senhor Licenciado Marcos Teixeira, Inquisidor e visitador em
todas as ilhas doa Açores, perante ele apareceu Leonor Marques,
viúva, mulher que foi de Francisco Peres, mercador, já defunto, morador que foi
nesta cidade, o qual Francisco Peres era castelhano, a qual disse que se vinha
acusar de um jejum que fizera da Rainha Ester, e para em tudo falar verdade lhe
foi dado o juramento dos Santos Evangelhos, em que pôs sua mão e prometeu de a
dizer; e logo disse que Inês de
Xerez, sua mãe, castelhana já defunta...”
Segundo Rodrigo Rodrigues, na obra
citada (Genealogias de Santa Marta e São Miguel) MANUEL
RODRIGUES FURTADO, que aparece também como Manuel
Roiz Furtado, se casou com BEATRIZ
MARQUES.
" Manuel Rodrigues Furtado, que casou com Beatriz Marques, que morreu a 19.7.1568
na Matriz da Ribeira Grande com testamento sendo testamenteiro o marido. Era
filha de Marcos Afonso e Inês de Xerez”.
Consta da Nota número 2.
“Sua mulher Beatriz
Marques era irmã de Elvira Marques que casou em primeiras núpcias com
Fernão Tavares e em segundas com João
Martins (Cap.º 164.º § Único, N.º 2). É a uma filha destes, Águeda Moniz, mulher de Álvaro Lopes da
Costa que fez o Padre Matias Nunes Furtado uma doação por escritura de 27.8.1578 para a mesma Agueda
[Moniz] casar com o dito Álvaro Lopes [da Costa]. Dos bens e encargos desta
doação deu contas a dita Agueda Moniz e depois Pedro Furtado do Canto e sua
mulher Isabel Pacheco, que desistiram dos bens em 1677.
BEATRIZ MARQUES morreu a 19.7.1568 na Matriz da Estrela,
Concelho da Ribeira Grande, Ilha de São Miguel, Açores, com testamento, sendo
testamenteiro o marido Manuel Rodrigues Furtado, que aparece nos documentos
paroquiais como Manoel Roiz ou Manuel Roiz Furtado, o qual faleceu antes de
1582, também na Ribeira Grande, Ilha de São Miguel de Açores, Portugal.
Filho do casal
: Padre Manoel Roiz Furtado conforme
informou Agueda Muniz em suas confissões. Foi cura da Igreja de Maia, na
Ribeira Grande (segundo Gaspar Fructuoso).
Nas confissões de Águeda Muniz e duas denúncias apresentadas contra ele à
Inquisição em 1592, afirma Águeda Muniz ser ele pai de duas crianças chamadas Beatriz e Mateus, ambas criadas por
ela.
Beatriz Furtado se casou em 09/07/1607, na Matriz de Nossa
Senhora da Estrela, Ponta Delgada, Ilha de São Miguel, Açores, Portugal
com Manuel
Roiz da Rocha. Foi batizada na mesma igreja como filha de pais ignorados,
sendo padrinhos o Beneficiado daquela Matriz, Padre Duarte Lopes e Águeda Muniz, que a criou, conforme a
própria disse nas confissões perante o Tribunal do Santo Ofício.
A mãe não foi
identificada e, não há indicação de quem fosse, embora tenha o parto sido feito
em casa, o que indica que era conhecida por Águeda, mas a mesma não apontou
quem fosse.
Uma filha de Beatriz Furtado com Manuel Roiz da Rocha foi Maria de Medeiros, se casou com Francisco Lopes da Costa em
15/10/1650 em São Pedro da Ribeira Seca, Ilha de São Miguel, Açores, Portugal. Faleceu em 29/09/1676, na Ribeira Seca, ilha
de São Miguel, Açores, Portugal.
O casal teve Maria
de Medeiros Rocha, foi batizada em 11/07/1653, na Ribeira Seca, Ilha de São
Miguel. Açores, Portugal. Casou em 21/11/1674, com Bartolomeu Frias Camelo, na
Ribeira Seca, Ilha de São Miguel, Açores, Portugal.
O casal teve a filha Maria
de Medeiros Pimentel, batizada na Ribeira Seca, Ilha de São Miguel, Açores,
Portugal, em 10/01/1675. Casou com o alferes Manuel de Matos em 17/06/1693. Faleceu em 21/11/1734 na Ribeira
Seca., Ilha de São Miguel, Açores, Portugal.
Seus filhos SEBASTIÃO DE MEDEIROS MATOS, nascido em
19/01/1716, na Ribeira Seca, imigrou para o Brasil, onde se casou, por volta de
1740 com ANTONIA DE MORAIS VALCÁCER, em Santa Luzia , Paraíba. e RODRIGO DE MEDEIROS ROCHA, nascido em
21/01/7109 na Ribeira Seca, Ilha de São Miguel, Açores, Portugal. Casou-se em
Santa Luzia, no estado da Paraíba , Brasil com APOLONIA BARBOSA. Falecido em
12/01/1757 em São João do Sabugi, Estado do Rio Grande do Norte, Brasil.
Esta é a
origem judaica de um ramo da família
Medeiros do Seridó brasileiro, descendentes dos irmãos SEBASTIÃO E RODRIGO.