Mulungu, surgiu da
colonização portuguesa em terras outrora pertencentes aos índios que habitavam
as margens do rio Mamanguape (Mongaguaba).
O significado da palavra mamanguape é controverso. Para uns significa “água
pegajosa”, para outros significa “bebedouro” e, uma terceira corrente diz que seria
“enseada dos mamangás (espécie de arbusto abundante na região).
O certo é que o rio
Mamanguape, que percorre aproximadamente 170 km, teve uma importância histórica
que não pode ser relegada, embora nem de longe atualmente seja o que foi no
passado: um rio repleto de peixes e cercado de matas, com profundidade média
entre 8 a 10 metros e largura de 60 metros, que contribuiu para a fundação de
mais de 30 dos atuais municípios paraibanos.
No final do século XVI, a navegação
em suas águas possibilitou o colonizador adentrar pelos “sertões”. Mas, é a
partir de 1692 (século XVII), com o fim da Guerra dos Bárbaros, que ocorreu a
fixação do “homem branco”, com os currais de gado em sesmarias doadas nas suas
margens.
No século XVIII os engenhos
se proliferaram, atraindo novos moradores, muitos dos quais portugueses. Mas, no
início do século XIX, com as secas e as exigências governamentais para dos
sesmeiros, a região foi sendo lentamente abandonada, resultando em seu quase
despovoamento no início do século XX.
Mulungu, não fugiu à terrível sina. Ela teve seu auge entre 1740/1840. Mas, foi pouco a pouco se tornando um espectro de seu passado glorioso. Muito da sua história foi perdida ao longo do tempo. Não existem dados sobre os indígenas que foram seus primeiros habitantes.
Mulungu, não fugiu à terrível sina. Ela teve seu auge entre 1740/1840. Mas, foi pouco a pouco se tornando um espectro de seu passado glorioso. Muito da sua história foi perdida ao longo do tempo. Não existem dados sobre os indígenas que foram seus primeiros habitantes.
É importante ressaltar que
ao longo do rio Mamanguape existem várias inscrições rupestres. Sítios
arqueológicos que ainda não foram explorados, desconhecidos dos habitantes locais
que não percebem ou não conseguem distinguir uma inscrição rupestre de um
desenho de uma criança.
Uma lástima. Pouco a pouco,
como água que escorre entre os dedos, todo o material que serviria para
pesquisas está sendo destruído, pela pouca ou nenhuma informação e interesse dos
nativos. Assim, a história dos indígenas da região foi ou está sendo destruída sendo
quase impossível de recuperá-la.
No entanto, ainda há tempo
para o resgate da história dos “homens brancos”, ou seja, os colonizadores,
pois existem muitos documentos disponíveis para consulta, como os registros
paroquiais de Mamanguape que contém inúmeras referências aos locais e seus
habitantes.
Quanto a Mulungu, a origem do nome parece ser de uma árvore da flora brasileira que chega a medir 14 metros de altura, florescendo entre julho e setembro, época em que as folhas caem e aparecem as flores de cor coral que podem ser vistas à muita distância. São várias espécies de mulungu, e os índios a usavam para fins medicinais e alucinógenos. Portanto, os locais onde havia abundância de mulungus eram apreciados pelos índios.
Não é certa a data em se
iniciou o processo de fixação do colonizador em Mulungu. Pode ter sido com
Domingo Piriz e seu curral de gado, mas o período com maior concentração de
pessoas foi, sem dúvida, entre 1740 a 1840. Cem anos em que a localidade
apresentou um crescimento admirável.
Os primeiros
registros que apontam a existência de uma capela em Mulungu datam de 1763.No entanto, como a fonte deriva de um dos poucos livros paroquiais que sobreviveram ao tempo é possível que a capela já existisse antes.
Como já falei em em outra postagem (Capela de Santo Antonio dos Mulungus - atual Mulungu/PB) , no livro Memórias Históricas do Rio de Janeiro e das Provincias Annexas à Jurisdição do Vice-Rei do Estado do Brasil de 1822, a capela é chamada de SANTO ANTONIO DO MOLUNGA ao invés de MULUNGU.
A confusão parece ter uma explicação simples, pois em Moçambique, também de colonização portuguesa a palavra molunga significa "brancos", ou seja, o autor utilizou-se de uma palavra que lhe soava familiar ao invés daquela que lhe era desconhecida.
O fato é que a capela cujo orago é Santo Antonio foi uma das mais antigas da região.
Na cidade de Mulungu existe a Paróquia de Santo Antonio até hoje. Acredito que a atual igreja tenha sido edificada no mesmo terreno que acolheu a antiga capela.
Dos antigos registros paroquiais, ressaltamos o do casamento de JOÃO PEREYRA DE OLIVEIRA e FRANCISCA MARIA de 9/2/1763. Realizado na capela de "Santo Antonio dos Mulungúz". Ele filho do Capitão Antonio Pereyra Correia e de Thereza de Jesus. Ela filha do capitão Antonio Fernandes Pimenta e Maria José de Oliveira.
Testemunhas: Capitão Bento Cazado e Alferes João Casado.
Este registro mostra a presença das famílias PEREIRA CORREIA, FERNANDES PIMENTA e CASADO DE OLIVEIRA em Mulungu.
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Foi em Mulungu que viveu MANOEL JOZÉ PINTO casado com MARIA DE OLIVEIRA que acredito ter sido o pai ou avô de outro MANOEL JOZÉ PINTO - meu pentavô.
Neste registro de casamento de 9/2/1801 não é possível ler os nomes dos noivos, mas somente das testemunhas: José Casado de Oliveira Júnior e Manoel José Pinto
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