sábado, 17 de outubro de 2015

"SANTA RITTA DE CUITÉ/PB" e a "FREGUESIA DE SANTA RITTA DO TRAIRÍ/RN"

É fato que grande parte da confusão na pesquisa genealógica se deve à denominação das "freguesias", que na época do Brasil Colonial  era sinônimo de "paróquia".
Como a religião oficial era a Católica e os padres eram mantidos pelo Estado a divisão administrativa era igual.
Após a independência (1822), com a constituição de 1824, nada mudou, já que determinava:
"Art, 5. A religião Catholica Apostolica Romana continuará a ser a Religião do Império, Todas as outras Religiões serão permitidas com seu culto domestico, ou particular em casas para isso destinadas, sem forma alguma exterior do Templo."

Assim, o catolicismo se impunha e estava presente em todos os eventos da vida social e desempenhava as funções de registro civil (nascimentos, casamentos e óbitos), resultando que todos os documentos de interesse genealógico só podem ser encontrados nos registros da Igreja Católica.

Mas, como diferenciar a freguesia do município? Como separar o nome da vila ou da povoação do nome da freguesia?
Algumas vezes uma questão fácil de se resolver, mas outras vezes a coisa se complica.
Quando encontramos uma menção como, por exemplo, " Freguesia de Nossa Senhora do Livramento de Bananeiras" , temos a indicação da freguesia e do lugar o que facilita muito. 
Todavia, a coisa se complica quando encontramos apenas o nome da freguesia ou apenas o nome do local.    
Pior ainda quando encontramos nos mesmos registros nomes iguais de locais e freguesias, o que pode gerar uma confusão.

Nos registros paroquiais de Cuité/PB, encontrei a menção de "Santa Ritta" pertencente à Freguesia de Nossa Senhora das Mercês de Cuité.
Santa Ritta, ou sítio Santa Ritta, era um antigo agrupamento humano que data da segunda metade do século XVIII, localizado na rota dos tropeiros que iam para o sertão. Existindo referência de que existiu um engenho no local.

Na imagem abaixo, temos o sepultamento de uma criança (sem nome) de três dias, filha de FRANCISCO BORGES DE MORAES e de MARIA TAVARES, moradores em Santa Ritta da freguesia de Nossa Senhora das Mercês de Cuité (PB), feito em 23/03/1845.  
A localidade fica próxima à Barra de Santa Rosa/PB, outro local que fazia parte do caminho dos tropeiros que vinham de Areia/PB rumo ao sertão.
Atualmente, apenas um aglomerado rural do município de Cuité.   

 fonte: arquivo pessoal 
No mesmo livro de óbitos encontramos muitos registros da Freguesia de Santa Ritta do Trairi ou, simplesmente Freguesia de Santa Ritta, que na verdade era a freguesia que atendia a povoação de Santa Cruz/RN.

Nos registros abaixo, temos o sepultamento de GERTRUDES, filha de JOAQUIM JOSÉ DA FONSECA e BERNARDINA DE SCENA, sepultada em 25/01/1845.
E o de FRANCISCO DA SILVA BEZERRA, de mais de 90 anos de idade, morador na Tabua da Freguesia de Santa Ritta do Trairi.

  
  fonte: arquivo pessoal
  fonte: arquivo pessoal

Pelos registros acima temos que na época (1845), temos que a Freguesia de Nossa Senhora das Mercês de Cuité, desde a sua criação em 1801, já atendia também os moradores da Ribeira do Trairi, cuja freguesia só foi criada. em 27/03/1835.
Na leicde sua criação consta que "fica elevada à Cathegoria de Matriz, a Capella de Santa Rita, erecta na Povoação de Santa Cruz da Ribeira do Trahiri do Município desta Cidade."
Ficando claro que a povoação se chamava, desde sempre, SANTA CRUZ DA RIBEIRA DO TRAIRI ou, simplesmente, SANTA CRUZ DO TRAIRI e a freguesia a que pertencia SANTA RITTA DO TRAIRI. 

  

fonte o Correio Official de 16/10/1835









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