O
RIO GRANDE DO NORTE EM 1839
Sem dúvida, o relatório apresentado
à Assembleia Legislativa da província do RN em 7/9/1839, pelo presidente da província Manoel de Assis Mascarenhas, é uma fonte de dados que não pode ser
descartada por qualquer pesquisador.
É sempre bom lembrar que a
partir de 1831 o país sofreu imensas
mudanças. No chamado Período Regencial
(1831 até 1840), onde D. Pedro II
aguardava a maioridade, ou seja, alcançar a idade exigida para governar o país,
muitas transformações ocorreram na esfera politica/administrativa, com destaque
para o Ato Adicional de 1834, que
concedia maior autonomia às províncias, já que poderiam formar suas próprias Assembleias
Legislativas, que além de criarem leis ainda tinham o poder de nomear os
funcionários.
Outra medida criada pelo Ato
Adicional foi o estabelecimento da Guarda Nacional (vide postagem no blog), que deveria manter a ordem vigente, mas acabou
nas mãos dos grandes proprietários de terras e que levou ao “coronelismo”,
que no Nordeste foi um dos fatores que contribui para a pobreza e desigualdade
social, com a exclusão de grande parte da população.
Antes do Ato Adicional, em 1832, foi aprovado o Código
de Processo Criminal, que
definia como seria exercida a justiça. Determinava eleições locais para juízes de paz, medida que dava autonomia às
províncias a área judicial.
Assim, o relatório
apresentado por MANOEL DE ASSIS MASCARENHAS, em 1839, com mapas estatísticos e
considerações a respeito dos mesmos oferece uma visão do que acontecia na província
na época.
O
relatório começa com um mapa dos empregados da Secretaria do governo da
Província:
Secretário: João Carlos Wanderley
Oficial:
Manoel Joaquim Pereira do Lago
1°
escriturário: Luís Pedro Alvares França
2°
escriturário: José Martiniano da Costa
Monteiro
Amanuense:
José Rodrigues Pinheiro
João
Ferreira Nobre
Porteiro:
Manoel Joaquim Sucena
Contínuo:
José Francisco de Paula Moreira
Sobre
a segurança pública dá notícia do “bando de salteadores” liderado por Wenceslau
Alves de Almeida, conhecido no Ceará desde a década anterior por ter sido
capanga de um dos maiores matadores, depois criado seu próprio bando. Ele e seu
bando atacavam em Portalegre e Apodi, mas com intervenção do governo teria
fugido para o interior do Ceará.
Quanto
à educação o relatório dá notícia de 22 escolas de primeiras letras (instrução
primária), com professores, sendo 3 de meninas.
Total
de 712 alunos (meninos) e 75 alunas
(meninas).
As
professoras eram: 10 Em Natal: Josefa Soares da Câmara com 34 alunas; Villa de São José: Florinda
Joaquina Alvares com 16 alunas e Villa da Princeza Maria Joaquina da Trindade com 25
alunas.
Destaques
para os professores José Bento da Fonseca em Natal com 112 alunos, Antônio Felix de
Cantalício em Papari com 52 alunos. Francisco de Paula Furtado em Serra dos
Martins com 48 alunos.
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