domingo, 7 de setembro de 2014

POPULAÇÃO DA PARAÍBA E DO RIO GRANDE DO NORTE - SÉC. XVIII

Um dos fatores que mais interfere na pesquisa histórica é a falta de referenciais, devido ao desconhecimento de dados do período em que se realiza o estudo.
Folhear livros paroquiais é um trabalho que envolve não só a leitura, mas a análise do contexto histórico.
Não basta conhecer paleografia, expressões genealógicas ou mesmo ter paciência. Necessário se faz um mínimo de conhecimento da história local e da população da época.
Difícil este entendimento, já que maioria dos pesquisadores contemporâneos vivem em grandes cidades, onde facilmente podemos encontrar um só edifício com mais de 200 moradores, ou uma escola com 400 alunos.
Tais números são insignificantes se considerado o fato de que a própria cidade já atingiu a cifra de 400 mil habitantes. Todavia, ao retroceder no tempo, na época do Brasil Colônia, os mesmos dados atingem cifras muito menores.
Em 2013, segundo o IBGE, a cidade de Natal/RN possuía mais de 850 habitantes, enquanto João Pessoa/PB quase 770 mil.
Inicialmente, temos que ter em mente que o processo de ocupação das terras na PARAÍBA e no RIO GRANDE DO NORTE envolveu a expropriação territorial dos indígenas.
Não existem dados precisos sobre a população das nações indígenas que ocupavam o território antes de 1500, data em que o colonizador português chegou e passou a explorar e se fixar no solo.
O perfil populacional do século XVIII, tanto na Paraíba como no Rio Grande do Norte, só pode ser visto pelos dados censitários existentes, que são poucos. 
No Arquivo Histórico Ultramarinho existem documentos da Capitania de Pernambuco, especialmente um mapa que informa o número de habitantes.
No referido mapa, encontramos que, em 1777, a Paraíba contava com 11 freguesias, 1 cidade e 4 aldeias indígenas. No Rio Grande do Norte também 4 aldeias.
Elas eram a Vila do Conde, Pilar, Bahia da Traição e Vila Flor (PB) e Arez, Villa de São José, Extremoz e Porto Alegre (RN).
Sabe-se que a maioria da população estava concentrada no litoral.
Assu tinha 4.277 habitantes e era maior que a cidade de Natal com apenas 3.221.
A freguesia de Mamanguape tinha 8.328 habitantes, espalhados na área que hoje corresponde a vários municípios, como Bananeiras, Campina Grande e Araruna, dentre outros.
É puro cálculo matemático o resultado de que uma "aglomeração" com 40 pessoas representa um percentual significativo, se considerada a população da freguesia.
Por outro lado, na época é fácil encontrar famílias com 40 indivíduos. Pai, mãe, filhos e netos reunidos na mesma propriedade. Assim, foi gestado o embrião de muitos dos atuais 
conglomerados urbanos.
A Paraíba tinha 51.169 habitantes, entre os quais 5.182 viviam nas "aldeias" indígenas. Já o Rio Grande do Norte 24.347, dentre os quais 8.549 nas ditas aldeias.
Assim, é lícito presumir que a população da época era pequena, se comparada a extensão territorial, e, ainda, que uma parte significativa era de índios.
Em consequência, toda vez que se encontrar referência a um "sítio", "fazenda" ou "lugar nos registros paroquiais é preciso estar atento, já que a possibilidade de que  aquele tenha se transformado, no decorrer do tempo, em uma cidade é muito grande. O grande problema é a mudança do nome do local, que muitas vezes ocorre sem grande explicação. Nossa Senhora das Neves, cidade da Paraíba e, finalmente, João Pessoa trata-se do mesmo local, denominado de forma diferenciada ao longo do tempo.
Recentemente, encontrei uma referência em um livro paroquial de uma "fazenda" (de gado) que se transformou em uma grande cidade do Rio Grande do Norte. Mas, qual não foi a minha surpresa quando constatei que a historiografia oficial aponta como o ano de ocupação - a menção no texto é "fundação" - data de 58 anos após aquela que encontrei no registro.
Creio que todo trabalho de pesquisa deve estar apoiado em fontes primárias, que confrontadas umas com as outras levam a um estudo sério, com menos probabilidade de erro. 
Sobre a cidade mencionada acima, como não se encontra na área de abrangência de minha pesquisa, resolvi não fazer qualquer postagem neste blog, já que acredito ue outros pesquisadores irão, no futuro, apontar a verdade histórica.        

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