ENGENHO
DO MIRIRI
Os primeiros engenhos de
açúcar no nordeste do Brasil surgiram, por volta de 1540/1542, em Pernambuco.
Eram todos do tipo “trapiche”, ou
seja, movidos por bois ou cavalos (tração animal).
Muitos anos depois é que aparecem
as moedas movidas por força hidráulica (roda
d’água), mais caras e de maior complexidade.
Para o funcionamento de um
engenho, além da mão de obra de escravos, era necessária a mão de obra especializada dos calafates (especializados na vedação dos
espaços entre tábuas), tanoeiros (especializado
em fabricação de barris, pipas ou toneis) e carpinteiros (profissional que trabalha a madeira). Eram os
chamados “mestres do açúcar”.
Bem remunerados pelos
proprietários dos engenhos pelos serviços prestados eram considerados, pelos
historiadores, a “classe alta” da sociedade
açucareira.
Como no Brasil não existiam
tais mestres, eles eram “importados” de Portugal.
Muitos dos quais já tinham experiência nos canaviais da Ilha da Madeira e das Canárias.
Assim, é comum encontrar portugueses nos engenhos até o final do
século XVII. Muitos deles constituíram família aqui, através de casamentos com
“gente da terra”, como podemos confirmar nos registros paroquiais da época.
É bom ressaltar, que para o
funcionamento de um engenho de médio porte eram necessários pelo menos 20 homens “brancos”, significando que era
considerável o contingente para a época. Muitos eram da mesma família – pai e
filhos - o que justifica a presença do mesmo sobrenome na comunidade.
Alguns historiadores dizem
que esses peritos eram judeus, que vinham para o Brasil para escapar da
perseguição da Inquisição. Mas, até agora não consegui nenhuma prova documental
de tal afirmação.
Sendo o ponto nodal de minha
pesquisa a genealogia, deixo de lado as considerações históricas, para
esclarecer que muitos dos nordestinos são descendentes daqueles “mestres do açúcar”,
fato que não pode ser descartado em nenhuma pesquisa genealógica.
Na
Paraíba existiram muitos engenhos, mais um especialmente tem me
chamado a atenção: o engenho do Miriri.
Referindo- se ao rio Miriri,
Herckmans (1639) afirmou que existia
um engenho do tipo trapiche neste rio, “a
cinco ou seis léguas da costa, que pertencia a Francisco Alvarez da Silveira, o
qual estaria abandonado”.
Todavia, encontramos registros
paroquiais que o tal engenho funcionou até o final do século XVIII, como este de 1784 *,
que comprova o batismo na capela do engenho, cujo orago era SÃO JOSÉ.
IMAGEM FAMILY SEARCH
“Joam,
filho de Manoel Francisco Ribeiro e de sua mulher Maria, naturaes do Taypú foi
baptizado na Capela de Sam José do Engenho Miriri, pelo Reverendo Luiz Gomez de
Mello, de minha licença e lhe pôs os santos óleos aos dous de novembro de mil
settecentos e oithenta e quatro, forão padrinhos Manoel Rodriguez de Menezes e
a virgem Senhora do Rozario”.
outro registro de 1785
IMAGEM FAMILY SEARCH
“Vicente, filho de Luiz Barboza e de sua
mulher Maria da Purificação, foi baptizado na Capella do Myriri, filial desta
matriz, pelo padre Luiz Gomez de
minha licença e lhe pôs os santos óleos aos sette de outubro de mil settecentos
e oitenta e cinco, forão Padrinhos o capitão Manoel José Pereira de Castro e
sua mulher Dona Ritta Bernarda Achiole”.
* - Nesta época, a Capitania da Paraíba estava anexada à Capitania de Pernambuco (1755-1799)
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