sábado, 20 de julho de 2013

CONSIDERAÇÕES SOBRE GENEALOGIA

Cabe registrar que a genealogia gira em torno de três fatos essenciais e primordiais de cada ser humano: o nascimento, o casamento (ou qualquer união) e a morte.
A princípio, toda pessoa se enquadra em uma família, seja por vínculo conjugal, através do casamento, seja por consanguinidade, por descender de um tronco em comum, seja por afinidade, vínculo que se estabelece entre um cônjuge e os parentes do outro cônjuge. Chama-se isto de parentesco.
O parentesco pode ser em linha reta ou colateral. No primeiro caso, as pessoas estão umas para as outras como ascendentes ou descendentes (pais e filhos, avós e netos, bisavós e bisnetos e assim por diante). No segundo caso, todas as pessoas procedem de um tronco em comum, sem, contudo, descenderem uma das outras (primos, sobrinhos, tios, etc.).
Para se estabelecer o parentesco, é preciso determinar o grau, que é o número de gerações que medeia duas pessoas ou entre uma pessoa e o tronco familiar. Os graus de parentesco, na linha colateral, são diferentes no Direito Civil e no Direito Canônico.
Quando se fala em “primo de segundo grau”, geralmente, têm-se o parentesco do direito canônico, significando que são os filhos dos primos.
Costumeiramente considera-se, também, a proximidade familiar daqueles que descendem dos irmãos do avô, ou seja, os primos do pai e “primos de segundo grau” do filho, ou seja, todos pertencentes à mesma família.
Entretanto, para a genealogia, esta proximidade se estende um pouco mais. Até seis gerações (incluindo o trisavô e o tetravô) os descendentes são considerados da mesma família.
Outro aspecto que tenho o dever de lembrar é que as crianças recebiam apenas o prenome no batismo que, geralmente, coincidiam com os nomes do “santo do dia” (João, Sebastião, Cosme, Severino, Inácio) ou na sua forma feminina (Joana, Sebastiana, Cosma, Severina, Inácia). Ou outros nomes extraídos do Novo Testamento (Maria, Ana, Isabel, Joaquim, José, Pedro, Paulo, Marcos, etc.). Às vezes, batizavam a criança com o mesmo prenome de alguém da família (costume que se propagou no século XVIII e perdura até hoje, embora em menor escala).
Surgia assim um Inácio, sobrinho de outro Inácio, neto de um terceiro e primo de vários outros Inácios.
Podemos observar também a incidência de vários prenomes compostos: Maria Isabel e Pedro Paulo, por exemplo, às vezes homenageando a avó e a mãe, como no caso do nome de minha avó, ISABEL ALEXANDRINA. ISABEL em homenagem à avó materna e ALEXANDRINA, à mãe.
Outras vezes, sequer se pode afirmar com certeza se o prenome foi dado em homenagem ao pai, ao avô ou bisavô, todos com o mesmo prenome de MANOEL.
Tal prenome aparece repetidamente em todas as gerações, assim como José e Maria.
Antonio, Antonia, Manoel, Joaquim, Joaquina, Ignácio, João, Joana , são prenomes muito comuns nas famílias no século XIX.
Quanto aos sobrenomes, a coisa se complica ainda mais, pois como as crianças só recebiam o prenome no batismo, somente na idade adulta é que adotavam um sobrenome, não raro totalmente dissociado dos sobrenomes utilizados pela mãe ou pelo pai. Esse costume durou até a primeira metade do século XX.
Exemplo disso: meu pai foi batizado de RAYMUNDO, filho de Luiz Severiano da Costa e Isabel Alexandrina Borges.
Natural seria que seus sobrenomes fossem Borges ou Costa. Mas, ao atingir a idade adulta meu pai agregou os sobrenomes OLIVEIRA e PINTO, passando-se assim a assinar RAIMUNDO DE OLIVEIRA PINTO. Não antes de uma breve temporada como RAIMUNDO PINTO DE OLIVEIRA.
Na verdade, tanto ele como outros de seus irmãos adotaram os mesmos sobrenomes dos avós maternos/paternos (OLIVEIRA E PINTO).
Meu pai contava que todos em Santa Cruz/RN sabiam que ele e os irmãos eram das “famílias Pinto e Oliveira”, por tal motivo assumiu tais sobrenomes. Ele não era exceção. Muitos possuíram sobrenomes diferenciados daqueles que possuíam seus pais. Daí a dificuldade para as pesquisas, pois se pode encontrar um JOSÉ RODRIGUES DA SILVA, filho de MARIA DO ESPÍRITO SANTO e de MANOEL ALVES DE SOUZA.
Algumas vezes o sobrenome aparece grafado de forma diferente: SOUSA, SOUZA ou SOIZA.
Note-se que, em se tratando das mulheres, fica ainda mais difícil, pois geralmente só depois dos vinte e cinco anos é que escolhiam o sobrenome, não relacionado aos sobrenomes de sua família, mas agregados à religião. Assim, são inumeráveis os registros de Maria da “CONCEIÇÃO”, Maria “DE JESUS”, Maria do “ESPÍRITO SANTO”, Maria “DO AMOR DIVINO”, Maria da “PURIFICAÇÃO”, Maria “DO CARMO” ou Maria da “ANUNCIAÇÃO”.

Às vezes, ao se casar, a mulher adotava o sobrenome do marido, mas não era raro escolher o sobrenome utilizado na sua própria família materna ou paterna. Podia ser do avô ou da avó, ou ambos. E, se a sua família fosse mais influente ou importante que a do seu marido, com certeza, os filhos adotariam o sobrenome materno.

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