sábado, 27 de julho de 2013

POPULAÇÕES INDÍGENAS - BREJO PARAIBANO E BORBOREMA POTIGUAR

Extraído do livro GENEALOGIA SERTANEJA - CAPÍTULO III 

"Para as regiões em foco (Borborema Potiguar e Brejo Paraibano) o grupo indígena mais importante é, sem dúvida, os TAPUIAS, que habitavam grande parte do interior do Rio Grande do Norte e da Paraíba.
Dividiam-se em diversas nações nomeadas de acordo com a região em que habitavam (Caicós, Curemas, Sucurus, Paiacus, Janduís, Ariús, Pegas, Icós, Caborés, Monxorós, Canindés, entre outros).
Segundo Guarino Alves, do Instituto do Ceará, “... muitas das tribos tinham dois ou mais nomes e estes, por vezes, sobrevieram concomitantemente e chegaram aos dias atuais, dando a falsa impressão de uma pluralidade de tribos, em verdade inexistente. Um era a alcunha que, sempre pejorativa, lhe impunham vizinho ou inimigos, e outra, o termo de que serviam os membros do clã para o designarem”  ( Revista do Instituto do Ceará. Província Fluminis Grandis).
Assim é difícil dizer se existiam mesmo todas estas tribos.
Ao contrário dos potiguaras, que eram tupis e habitavam o litoral, os tapuias viviam no interior. Eles eram chamados de “Tarairu”, termo pejorativo que significava “espinho de traíra” (traíra é um peixe).
Segundo consta, eram povos bravios e errantes que viviam da caça e da pesca. Foram praticamente dizimados ao longo da história. Mas, seu sangue ainda corre nas veias de muitos nordestinos, já que esse povo deixou muitos descendentes, fruto do cruzamento com o colonizador português ou com os africanos, que vieram para o Brasil na condição de escravos.
Procurei incessantemente esse meu ancestral indígena, mas até onde retrocedi (cerca de 200 anos) não consegui encontrá-lo. Como a maioria dos brasileiros, sei que é pouco provável que não tenha algum DNA indígena. Fisicamente, meu pai era o típico caboclo (mistura de branco com índio). Cabelos pretos lisos, rosto largo e maçãs salientes e, logicamente, a cabeça em formato característico o que vem a confirmar minhas suspeitas.
Deixando estas considerações de lado, é bom lembrar que todas essas tribos também eram chamadas de Cariris, um apelido que, segundo Câmara Cascudo (História do Rio Grande do Norte – p. 38.) foi-lhes dado pelos tupis, e quer dizer: o calado, o silencioso ou o taciturno. Também eram chamados, pelos próprios tupis, de tapuias ou bárbaros.
Quanto aos potiguares, Hans Staden conta que em 1548, após o navio em que estava ter deixado Prannembucke (Pernambuco), viajou “quarenta milhas adiante, até um porto chamado BUTTIGARIS (potiguares)”. Esta é a mais antiga referência à existência dos potiguares. Elias Herckmans, que foi governador da Paraíba, escreveu a “Descrição Geral da Capitania da Paraíba" em 1639, onde tentou descrever fielmente o que sabia dos tapuias. Seus relatos, no entanto, são preconceituosos, vez que afirma que os tapuias “são homens incultos e ignorantes, sem nenhum conhecimento do verdadeiro Deus ou dos seus preceitos; servem, pelo contrário, ao diabo ou quaisquer espíritos maus, como tratando com eles temos muitas vezes observado... levam uma vida inteiramente bestial e descuidosa. Não semeiam, não plantam nem se esforçam para fazer alguma provisão de víveres.”.
Percebe-se que nos “comentários”, Herckmans considerava os tapuias verdadeiros animais, descuidando-se assim de descrever a sua verdadeira riqueza cultural.
Mesmo assim, quase tudo que sabemos hoje dos tapuias, devemos a ele que os descreveu como homens fortes e de grande estatura, que não tinham barba, andavam nus, e faziam uso do arco e flecha e da azagaia.
Herckmans registra também alguns dos rituais dos tapuias, como a celebração do funeral, onde o morto era lavado e levado para ser assado em uma fogueira, para depois ser comido pelos amigos e parentes. Saliente-se que nem todas as tribos praticavam a antropofagia.
São tapuias os Canindés e os Sucurus, que alguns dizem que habitavam a região de Bananeiras e Solânea. Mas, existe uma grande inconsistência nas informações históricas, razão pela qual não se pode acreditar na veracidade de tal informação.
A título de explicação, Canindé é uma espécie de arara, de tamanho grande que existia em abundância na região. Os índios pegavam os filhotes e criavam nas casas porque “falavam e gritavam” muito. Além disso, utilizavam suas vistosas penas amarelas e azuis para fazerem seus cocares.
Na Paraíba e no Rio Grande do Norte existem muitos descendentes dos tapuias. Mas, segundo Capistrano de Abreu, não é deles que os paraibanos e potiguares herdaram a tão famosa “cabeça chata” (forma de preconceito disseminada até hoje), mas dos próprios potiguaras e tabajaras, índios que habitavam o litoral e as caatingas litorâneas.
Pessoalmente, não concordo com ele. As pinturas de Albert Eckhout, holandês, que viveu no Brasil entre 1637 e 1644, como a índia Tarairu ou Tapuia, retratam fielmente a herança genética de muitos nordestinos, especialmente a circunferência da cabeça.
É bom lembrar que por volta de 1680, os tapuias entraram em guerra para enfrentar os colonizadores portugueses. Foi o maior conflito étnico no Brasil, denominada “Guerra dos Bárbaros”. Domingos Jorge Velho comandou a expedição que dizimou milhares de índios, sendo que os sobreviventes foram levados a trabalhar nas fazendas de gado.
O certo é que é difícil encontrar algum paraibano ou potiguar que não tenha DNA indígena. Daí concluir que também eu tenha algum ancestral tapuia/potiguar é consequência lógica. Não encontrei nenhum, como disse anteriormente. 
Mas, como esta pesquisa só chegou até o início do século XIX, sobram três séculos para especulação.
A miscigenação das populações foi grande. Em alguns casos, predomina o “tipo europeu”, não sendo raro encontrar entre os sertanejos gente loira e de olhos azuis.
Já escutei muita gente dizer que tais pessoas eram descendentes dos holandeses que teriam deixado seu “DNA” por aqui, depois da chamada invasão holandesa.
Mas, isto não é verdade. A tal invasão holandesa durou tão pouco tempo (e com reduzido número de homens) que seria impossível haver tantos descendentes assim. Na verdade, o Nordeste foi colonizado por portugueses vindos do norte de Portugal (Douro e Minho), que ao contrário dos portugueses do sul, são louros e de olhos azuis.
Meus bisavós maternos eram do Minho, gente da pele clara e olhos claros.
Na região da Galícia (Norte de Portugal) predominam os louros. Os galegos são, em sua maioria, gente de tez e cabelos claros. O mais interessante, e serve como prova do que estou dizendo, é que no Nordeste, as pessoas loiras são chamadas de “GALEGAS”, uma reminiscência antiga da origem dos ancestrais.
Outra coisa interessante é que os portugueses, de um modo geral, trouxeram para o Brasil séculos de “mistura genética” com os povos europeus, inclusive com os celtas. E, embora os portugueses sejam considerados europeus, os mais de 700 anos de convivência com os mouros do norte da África e com os judeus deixaram suas marcas.
Um estudo recente aponta que 25% dos primeiros colonos portugueses no Brasil eram de fato de origem judaica, os chamados “morenos do mediterrâneo”.
Não precisa nem dizer, que tenho sérias suspeitas de que algum ancestral da minha família também era. Mas, esta é outra história... Tema para outro livro.
Só para constar, em 1819, o Rio Grande do Norte tinha 70.921 habitantes, a grande maioria (cerca de 70%) era formada de “brancos”. Em 2009, a população atingiu 3.200.000 habitantes, sendo que mais de 70% de “mestiços”. Duzentos anos foram suficientes para a miscigenação, fazendo-o um estado tipicamente brasileiro."

sábado, 20 de julho de 2013

MAPA PARAÍBA 1635


 Mapa de 1635, de Nicolaes Visscher (Afbeelding der stadt fortressen van Parayba).


Detalhes
Plano 1 - Foz do Rio Paraíba

Plano 2 - "Forte de Santo Antonio e Forte de Santa Catarina"

Plano 3 - Parahyba


Plano 4 - Igreja de Nossa Senhora da Guia (Lucena/PB), obra dos carmelitas

Plano 5- detalhe da costa Rio Potengi (Rio Grande) com o forte (Natal/RN) 

SERRA DO COYTE - 1791 (CUITÉ/PB)

Segundo consta os primeiros  habitantes da região chegaram por volta de 1704. Mas, somente na segunda metade do século XVIII o povoamento do local tomou impulso.
Em 1768, o coronel CAETANO DANTAS CORREIA fez doação de uma parte de terras para a construção de uma capela que pretendiam edificar com a invocação a Nossa Senhora das Mercês.
O local era passagem obrigatória de quem vinha da Paraíba para o Seridó, razão pela qual grande era o fluxo de pessoas.
No final do século XVIII, muitas famílias haviam se fixado na região, que pertencia a Freguesia de Caicó (antiga Vila Nova do Príncipe), tornando-se freguesia somente em 1801, quando se desvinculou de Caicó.
Assim, muitos registros paroquiais daquela época encontram-se nos livros paroquiais de Caicó, como este de 1791.

FONTE: FAMILY SEARCH

Casamento na Serra do Coyté de 24/06/1791 de ANTONIO CABRAL DO NASCIMENTO, filho de ESTEVÃO CABRAL DO NASCIMENTO e LUZIA DE SOUZA COYTINHO com IZABEL DO CARMO DE JEZUS (natural da freguezia de Mangoape), filha de LOURENÇO BAPTISTA e ANNA MARIA DO ESPÍRITO SANTO

CONSIDERAÇÕES SOBRE GENEALOGIA

Cabe registrar que a genealogia gira em torno de três fatos essenciais e primordiais de cada ser humano: o nascimento, o casamento (ou qualquer união) e a morte.
A princípio, toda pessoa se enquadra em uma família, seja por vínculo conjugal, através do casamento, seja por consanguinidade, por descender de um tronco em comum, seja por afinidade, vínculo que se estabelece entre um cônjuge e os parentes do outro cônjuge. Chama-se isto de parentesco.
O parentesco pode ser em linha reta ou colateral. No primeiro caso, as pessoas estão umas para as outras como ascendentes ou descendentes (pais e filhos, avós e netos, bisavós e bisnetos e assim por diante). No segundo caso, todas as pessoas procedem de um tronco em comum, sem, contudo, descenderem uma das outras (primos, sobrinhos, tios, etc.).
Para se estabelecer o parentesco, é preciso determinar o grau, que é o número de gerações que medeia duas pessoas ou entre uma pessoa e o tronco familiar. Os graus de parentesco, na linha colateral, são diferentes no Direito Civil e no Direito Canônico.
Quando se fala em “primo de segundo grau”, geralmente, têm-se o parentesco do direito canônico, significando que são os filhos dos primos.
Costumeiramente considera-se, também, a proximidade familiar daqueles que descendem dos irmãos do avô, ou seja, os primos do pai e “primos de segundo grau” do filho, ou seja, todos pertencentes à mesma família.
Entretanto, para a genealogia, esta proximidade se estende um pouco mais. Até seis gerações (incluindo o trisavô e o tetravô) os descendentes são considerados da mesma família.
Outro aspecto que tenho o dever de lembrar é que as crianças recebiam apenas o prenome no batismo que, geralmente, coincidiam com os nomes do “santo do dia” (João, Sebastião, Cosme, Severino, Inácio) ou na sua forma feminina (Joana, Sebastiana, Cosma, Severina, Inácia). Ou outros nomes extraídos do Novo Testamento (Maria, Ana, Isabel, Joaquim, José, Pedro, Paulo, Marcos, etc.). Às vezes, batizavam a criança com o mesmo prenome de alguém da família (costume que se propagou no século XVIII e perdura até hoje, embora em menor escala).
Surgia assim um Inácio, sobrinho de outro Inácio, neto de um terceiro e primo de vários outros Inácios.
Podemos observar também a incidência de vários prenomes compostos: Maria Isabel e Pedro Paulo, por exemplo, às vezes homenageando a avó e a mãe, como no caso do nome de minha avó, ISABEL ALEXANDRINA. ISABEL em homenagem à avó materna e ALEXANDRINA, à mãe.
Outras vezes, sequer se pode afirmar com certeza se o prenome foi dado em homenagem ao pai, ao avô ou bisavô, todos com o mesmo prenome de MANOEL.
Tal prenome aparece repetidamente em todas as gerações, assim como José e Maria.
Antonio, Antonia, Manoel, Joaquim, Joaquina, Ignácio, João, Joana , são prenomes muito comuns nas famílias no século XIX.
Quanto aos sobrenomes, a coisa se complica ainda mais, pois como as crianças só recebiam o prenome no batismo, somente na idade adulta é que adotavam um sobrenome, não raro totalmente dissociado dos sobrenomes utilizados pela mãe ou pelo pai. Esse costume durou até a primeira metade do século XX.
Exemplo disso: meu pai foi batizado de RAYMUNDO, filho de Luiz Severiano da Costa e Isabel Alexandrina Borges.
Natural seria que seus sobrenomes fossem Borges ou Costa. Mas, ao atingir a idade adulta meu pai agregou os sobrenomes OLIVEIRA e PINTO, passando-se assim a assinar RAIMUNDO DE OLIVEIRA PINTO. Não antes de uma breve temporada como RAIMUNDO PINTO DE OLIVEIRA.
Na verdade, tanto ele como outros de seus irmãos adotaram os mesmos sobrenomes dos avós maternos/paternos (OLIVEIRA E PINTO).
Meu pai contava que todos em Santa Cruz/RN sabiam que ele e os irmãos eram das “famílias Pinto e Oliveira”, por tal motivo assumiu tais sobrenomes. Ele não era exceção. Muitos possuíram sobrenomes diferenciados daqueles que possuíam seus pais. Daí a dificuldade para as pesquisas, pois se pode encontrar um JOSÉ RODRIGUES DA SILVA, filho de MARIA DO ESPÍRITO SANTO e de MANOEL ALVES DE SOUZA.
Algumas vezes o sobrenome aparece grafado de forma diferente: SOUSA, SOUZA ou SOIZA.
Note-se que, em se tratando das mulheres, fica ainda mais difícil, pois geralmente só depois dos vinte e cinco anos é que escolhiam o sobrenome, não relacionado aos sobrenomes de sua família, mas agregados à religião. Assim, são inumeráveis os registros de Maria da “CONCEIÇÃO”, Maria “DE JESUS”, Maria do “ESPÍRITO SANTO”, Maria “DO AMOR DIVINO”, Maria da “PURIFICAÇÃO”, Maria “DO CARMO” ou Maria da “ANUNCIAÇÃO”.

Às vezes, ao se casar, a mulher adotava o sobrenome do marido, mas não era raro escolher o sobrenome utilizado na sua própria família materna ou paterna. Podia ser do avô ou da avó, ou ambos. E, se a sua família fosse mais influente ou importante que a do seu marido, com certeza, os filhos adotariam o sobrenome materno.

GABRIELA AUDEBERT

Gabrielle era a segunda filha de GUILLAUME AUDEBERT e MARIA FAVARD. Nasceu no dia 13/06/1882, em Lês Charreaux – França. Seus padrinhos foram Jean Dubos e Gabrielle Bergard.

Chegou ao Brasil com três anos de idade. Aqui ficou conhecida como GABRIELA.
Ressalte-se que seu prenome era muito comum na família. Não só sua avó paterna se chamava Gabrielle (Reynaud) como duas de suas tias, irmãs de seu pai.
Morou em Bicas/MG e Três rios (RJ) em companhia dos pais. Casou-se, por volta de 1904, com DOMINGOS PINTO DE RESENDE, na época viúvo e com dois filhos (José e Esperíudes).
O casal teve seis filhos:
1) Antonietta – conhecida como NIETTA
2) Clotildes – conhecida como TIDE
3) Isbelo – conhecido como BELO
4) Heitor
5) Ernandes – conhecido como NANI
6) Aristides – conhecido como NENÉM
Alguns nasceram na cidade de Três Rios, local onde o casou morou durante algum tempo.
Faleceu no dia 10/03/1944. Seis meses depois(26/11/1944) faleceu seu irmão PIERRE AUDEBERT


BREJO DE BRUXAXÁ (AREIA/PB)

No Diccionário Topográphico do Imperio do Brasil – José Saturnino da Costa Pereira – 1834, encontramos o verbete:

“BREJO DA ARÊA – Villa da Província da Parahiba, situada sobre a serra do Bruxaxá, na estrada que vai para o Seridó na Província do Rio Grande do Norte. O seu districto tem 20 legoas de extensão de N. a S., limitando-se com a Villa do Pilar, e a província do Rio grande do Norte: e a E. a O. com  Massanguapé, e Pombal, He das Villas consideráveis da Província. E sua principal cultura consiste em algodões.”

Segundo os historiadores, chamou-se a princípio, sertão de bruxaxá, que era a designação dos índios que ali viviam, pertencentes à nação cariri.
Encontrei nos livros paroquiais de Mamanguape a menção de BREJO DE BRUXAXÁ, como podemos confirmar neste registro de 1783 (século XVIII).

 fonte: family search

Nicolau, filho de José da Costa Ferreira e de sua mulher Maria, baptizado no BREJO DE BRUXAXÁ, pelo padre Domingos da Cunha Figueira, no dia 10/01/1783. Padrinhos o Reverendo Vigário João Freire de Basto Tavares por procuração , 


Em 1787, o registro de batismo de ANNA, batizada na capela de bruxaxá, filha de Sivirino de Souza e sua mulher Clara Maria, cujos padrinhos foram Joachim da Roxa Pix... (ilegível) e sua mulher Isabel Maria (12/02/1787)

 fonte: family search


FRANCISCA, filha de Manoel de Souza e de Maria da Costa moradores no Brejo de Area e batizada na capela de Bruxaxá, 2/01/1787


JOANNA, filha de Manoel Soares e de Damiana dos Prazeres, moradores no Brejo de Area e batizada na capella de Bruxaxá