quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

BATISMO DE ÍNDIOS EM BANANEIRAS/PB

Nos antigos registros paroquiais de Bananeiras/PB é fácil encontrar batismos de "índios".
Todos com nomes e sobrenomes portugueses. 
Para entender como isso foi possível é bom lembrar que os povos indígenas que viviam no território brasileiro não dominavam a escrita. Foram "batizados" por escrito por "brancos", embora a grande maioria não entendesse o português  .
Prenomes e sobrenomes eram "inventados", ou simplesmente dados em homenagem a alguém.
Assim, é impossível traçar a árvore genealógica de uma família, pois não há qualquer menção de qual etnia pertenciam ou, pelo menos, do nome indígena que utilizavam.
Apagavam toda a memória ancestral com o batismo, fazendo surgir um "novo ser", sem história, sem família e sem ligação com o contexto histórico em que viveu.  
Embora grande parte dos nordestinos tenham um ancestral nestas condições, é fácil encontrar genealogias de famílias onde tal membro "magicamente" se transforma em "português" e, pior, com uma excepcional árvore genealógica lusitana que remonta, algumas vezes, a época das cruzadas.
Uma "mágica" utilizada para encobrir o verdadeiro preconceito sobre a origem. 
Muitas das vezes, quando não há como proceder de tal forma já que evidente a orgiem, encontramos a tal história da "índia brava pegada a laço" pelo colonizador português, contada até com certo orgulho por alguns, quando na verdade esconde uma triste verdade: o estupro das mulheres de diversas etnias indígenas pelo "branco"..
Crimes cometidos no passado que se transformaram em orgulho familiar de muitos.

Mas, ultrapassadas tais considerações, é fato que em Bananeiras, durante todo o final do século XVIII e a primeira metade do século XIX podemos encontrar nos registros paroquiais muitos exemplos de como a população indígena foi "branqueada" através do batismo.
Em 25 de julho de 1811, Francisco Correia e sua mulher Anna Maria, índios da Villa de San José (Vila de São José do Rio Grande do Norte) foram batizados em Bananeiras/PB. O padrinho foi o Capitão Antonio José da Assumpção e Francisca Maria, conforme comprova a imagem abaixo. 

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Em 16 de abril de 1838, foi batizado JOAQUIM, filho de Manoel Nunes (preto) e Anna Joaquina (índia), no sítio Bacopari . Padrinhos JOAQUIM JOSÉ TEIXEIRA (vide postagem no blog) e Ignácia Maria (futura mulher de JOAQUIM JOSÉ PINTO).
Posteriormente, MANOEL NUNES passa a assinar MANOEL JOAQUIM NUNES. Por sua vez, ANA JOAQUINA se transforma em ANNA PEREIRA,e os muitos filhos do casal, já são batizados simplesmente  como "pardos"


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Em 6 de janeiro de 1838, foi batizado MANOEL, filho de Luiz Antonio do Nascimento e Maria da Conceição, índios. 
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