domingo, 1 de março de 2015

O VAQUEIRO - SÉCULO XVIII

A figura do vaqueiro está sempre associada ao criador de gado nos sertões nordestinos. Na verdade, com a própria identidade da região, pois no início da colonização quando as grandes sesmarias foram concedidas ele se tornou imprescindível para o desenvolvimento da economia local.
Os sesmeiros geralmente moravam longe das fazendas de gado, e os vaqueiros eram os homens que realmente administravam as fazendas.
Eram homens incultos, acostumados à lida com o gado, geralmente mestiços e que se propunham a trabalhar com muitas dificuldades, que iam desde as doenças que acometiam o gado (bicheiras e outras) até se defenderem de cobras ou onças.
Viviam uma vida modesta. A casa era quase sempre uma tapera que lhes servia de abrigo, sempre próxima de uma fonte de água. Rede para dormir, alguns tamboretes, meia dúzia de panelas e potes, cuias feitas de cabaças, facas e facões compunham o seu lar.
Longe dos centros urbanos, faziam sua própria vestimenta com o couro dos animais abatidos (calça, paletó, chapéu, sandálias, luvas e bolsas). Utilizavam o couro para "ornar" a casa (baús, mesas e até cadeiras). 
As mudanças devido as estações do ano eram necessárias, já que com um pasto seco era preciso procurar outro. Além do que era necessário construir "tanques" ou "cacimbas" para armazenamento da água para o consumo dos animais.
O local onde o gado se reunia para ruminar era chamado de malhada, que as vezes eram usadas por vários vaqueiros. Estas malhadas acabaram por dar origem a um pequeno arraial
Ao vaqueiro tocava a quarta parte das crias, o que com o passar do tempo levou muitos vaqueiros a se tornarem, eles próprios, um fazendeiro, arrendando "sítios de terras" de seus antigos patrões para criação de seus próprios animais.
Uma fazenda comportava, em média, 10 homens para a lida com o gado. Computado neste número os escravos e "cabras". Ás vezes dois ou três vaqueiros repartiam as tarefas e, consequentemente o "quarto" devido. 
A família do vaqueiro era constituída da mulher e filhos. Cabendo à mulher, além dos serviços domésticos a manutenção das roças de subsistência (milho, mandioca, feijão, etc). Ao vaqueiro cabia caçar e pescar para prover o alimento da família. 
Existiam fazendas denominadas de "engorda", que estavam localizadas próximas as grandes feiras, onde o gado vindo do sertão, magro, cansado e às vezes doente passava um tempo para ser vendido, mais gordo, por um bom preço.
Foram os vaqueiros os verdadeiros desbravadores dos sertões, e, os patriarcas de muitas famílias. Gente simples, com hábitos simples, mas de imensa coragem e determinação.  


Um comentário:

Mylena disse...

Que saudades de minha gente. Quando leio o seu blog, eu não só lembro da família, mas da minha gente, da minha cultura.